O Estado de S. Paulo
25/05/2009
Eric Schmitt e Mark Mazzetti, The New York Times, Washington
Aliados assumem tarefa de deter e interrogar supostos terroristas
Os Estados Unidos dependem hoje de serviços de inteligência estrangeiros para capturar, interrogar e deter suspeitos de terrorismo apanhados fora do Iraque e do Afeganistão. O país já trabalhava em estreita colaboração com aliados para combater o extremismo violento desde os ataques do 11 de Setembro, mas hoje essa colaboração atinge novos limites.
Nos últimos dez meses, por exemplo, cerca de meia dúzia de financistas e especialistas em logística de nível médio que trabalhavam para a Al-Qaeda foi capturada. Eles estão sendo custodiados por serviços de quatro países do Oriente Médio, depois que os Estados Unidos forneceram informações que levaram a suas prisões, segundo um ex-funcionário americano.
Os serviços paquistaneses também capturaram um saudita e um iemenita suspeitos com a ajuda da inteligência e do apoio logístico americanos. Os dois são os agentes de mais alto nível da Al-Qaeda capturados desde que Barack Obama assumiu a presidência, mas continuam retidos no Paquistão.
A abordagem atual, que começou nos dois últimos anos da administração de George W. Bush e ganhou impulso com Obama, é guiada por mudanças políticas e decisões judiciais que fecharam as prisões secretas controladas pela Agência Central de Inteligência (CIA).
Defensores de direitos humanos dizem que depender de governos estrangeiros para deter e interrogar suspeitos de terrorismo pode acarretar riscos significativos. A situação aumenta o potencial de abuso dos prisioneiros nas mãos de interrogadores estrangeiros e também, segundo eles, rende dados ruins de inteligência.
Os próprios Estados Unidos não detiveram nenhum suspeito de terrorismo de alto nível fora do Iraque e do Afeganistão desde que Obama assumiu. A questão sobre onde manter os suspeitos de terrorismo mais graduados no longo prazo está sendo debatida pela nova administração.
Autoridades americanas disseram que os EUA ainda tomariam a custódia dos agentes mais graduados da Al-Qaeda capturados. Como modelo, eles citaram o caso de Abd al-Hadi al-Iraqi, um curdo iraquiano que se tornou um importante assessor de Osama bin Laden e que foi capturado por um serviço de segurança estrangeiro em 2006. Ele foi entregue à CIA, que o transferiu para a prisão na base americana de Guantánamo, em Cuba, em abril de 2007. Foi um dos últimos enviados para lá.
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