terça-feira, 19 de maio de 2009

EIU prevê retomada mundial só a partir de 2011

Valor Econômico

19/05/2009

Marcos de Moura e Souza, de São Paulo

Somente em 2011 o mundo poderá começar a respirar aliviado e experimentar a sensação de que a crise realmente passou. A fase de recuperação se alongará até 2013, mas, mesmo depois disso, ninguém deve esperar uma repetição dos anos de bonança que precederam a crise. A economia mundial estará menor. É o que diz Robert Ward, diretor de projeções globais da Economist Intelligence Unit (EIU), empresa de consultoria e pesquisa do grupo Economist, que edita a revista britânica "The Economist".

De acordo com a edição de maio do relatório de previsões econômicas da empresa, a economia mundial terá este ano uma retração de 3%. A economia dos EUA, a maior do mundo, encolherá 3,2%. Para 2010, a previsão é que o mundo avance 0,9% e os EUA, meros 0,6%.

"Estamos afirmando que haverá uma estabilização neste e no próximo ano. E em 2011, será o primeiro ano que poderemos respirar um pouco. Mas o ambiente será muito diferente que o de 2007", disse Ward ao Valor referindo-se ao último ano do período iniciado em 2004 que, em suas palavras, foram um momento de expansão "único e muito especial que não se repetirá".

Nem mesmo na China, o ritmo pós-crise será o mesmo. Enquanto em 2007 o país cresceu 13%, em 2013 avançará 8,8%, diz a EIU.

Para a consultoria, a China deve crescer 6,5% este ano, muito em razão do empurrão dos investimentos públicos. O problema, adverte Ward, é que "as autoridades chinesas dependem muito da recuperação dos EUA. Porque esse padrão macroeconômico [de Pequim] não se sustenta no longo prazo. São políticas de emergência."

Depender da recuperação americana e não tanto, por exemplo, do mercado interno, é uma alternativa de risco. Especialmente levando-se em conta um dos cenários pintados por Ward e pela consultoria britânica. "Acreditamos num crescimento dos EUA de 0,6% no ano que vem. Mas é possível uma retomada mais forte em 2010. E, se tivermos um crescimento assim [alguns analistas já falam em 2%], será um crescimento impulsionado por esteróides". Ou seja, impulsionado pelo pacote do presidente Barack Obama. "Não significaria a recuperação da saúde. E assim seria possível que 2011 houvesse nova retração nos EUA."

A retração do fluxo financeiro, do comércio internacional, da adoção de medidas com teor protecionista e do abalo sísmico nos mercados não significam, crê Ward, que a globalização dará um passo atrás. "Não estamos prevendo o fim da globalização. Mas que haverá uma fase difícil no curto prazo até que os países se ajustem.", disse ele.

"Em 2013, a economia mundial estará crescendo a 3,1%, menos que os 3,8% de 2007. O mundo terá passado por uma mudança estrutural. Isso quer dizer que viveremos num mundo com um ritmo de crescimento menor."

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