sexta-feira, 8 de maio de 2009

Na ONU, Brasil diz que muro não é boa ideia

Folha de São Paulo

08/05/2009

Marcelo Ninio, de GenebraJustificar
Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, afirmou, no entanto, entender a preocupação com a mata

Questionamento sobre os muros para cercar favelas do Rio foi feito anteontem, durante sabatina a que o Brasil está sendo submetido
Questionado na ONU sobre os muros que estão sendo construídos para cercar 11 favelas do Rio, o Brasil admite que eles não são uma boa ideia, mas afirma que a responsabilidade é do governo fluminense.
No segundo dia da sabatina a que o Brasil foi submetido na organização, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, disse que a construção dos muros está sendo examinada pela Defensoria Pública do Rio e prometeu falar com o governador, Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Na quarta-feira, Vannuchi ficara devendo uma resposta ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU, que pedira explicações sobre os muros. Um dos membros do comitê chegou a chamar a medida de "discriminação geográfica". Vannuchi admitiu desconhecer o assunto, e voltou ontem com a resposta.
"A responsabilidade é do governo do Estado", disse Vannuchi ao comitê. "Ele alega razões de segurança e ambientais, como a proteção de encostas."
O ministro se comprometeu a transmitir o questionamento da ONU ao governo fluminense, mas disse entender algumas das preocupações em relação às barreiras. "Muros nunca são uma boa ideia de cidade", disse Vannuchi. "Por outro lado, ninguém quer ver a mata atlântica coberta de favelas."
Ontem, o governo do Rio, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que não havia sido consultado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos sobre o caso.
"O governo do Estado mantém a sua posição, já amplamente noticiada, de construção dos muros, projeto que não sofrerá qualquer modificação", informou a nota.
Para defender o projeto, o governador tinha exibido estatísticas de desmatamento e alegado problemas como mortes por deslizamento de terra. Críticos do projeto o acusam de implementar uma espécie de "apartheid social".
Colaborou a Sucursal do Rio

Nenhum comentário: