Jornal do Brasil
02/05/2009
Hillary se diz preocupada com aproximação de Teerã e Pequim com região e quer mudança
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, expressou preocupação com a crescente presença e influência da China e do Irã na América Latina. Ontem, a chanceler americana classificou como "inquietante" a aproximação entre países do continente e as duas potências vistas com cautela por Washington.
– Quem observa o progresso, particularmente na América Latina, que o Irã e China estão fazendo, vê que isso é bastante inquietante – reforçou Hillary, durante encontro com funcionários do serviço exterior do Departamento de Estado, repetindo uma crítica que já havia sido feita na gestão Bush. – Eles estão criando vínculos econômicos e políticos muito fortes com muitos desses líderes. Não acho que isso vá de encontro ao nosso interesse.
Hillary citou o Irã como motivo para o atual governo tentar dialogar com os presidentes da América Latina, escutá-los e tratá-los "em igualdade de condições" sem impor sua agenda na região.
Ela lembrou que a "administração anterior tentou isolá-los, apoiando a oposição, e transformando-os em párias internacionais". Tática que, reconheceu, "não funcionou".
– Os iranianos estão construindo uma grande embaixada em Manágua. Queremos tentar melhorar nossa relação com [Rafael] Correa e queremos ver se podemos encontrar uma maneira de mandar de novo um Embaixador à Bolívia e trabalhar com [o presidente Evo[ Morales – acrescentou.
A secretária destacou que os Estados Unidos enfrentam um "bloco quase unido" que pede mudança na política para Cuba e que já suspenderam as restrições às viagens de parentes e remessas de envio a ilha, mas mantém o embargo. Washington, reiterou, já disse querer ver "reciprocidade" do governo cubano a respeito de presos políticos, direitos humanos e outros aspectos.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que recentemente chamou Israel de "regime racista" e acusou seu governo de utilizar politicamente o Holocausto, durante a Conferência Mundial sobre o Racismo da ONU, foi convidado pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vir ao Brasil. A visita, que está prevista para a próxima semana, foi criticada pelo governo de Israel, que pediu explicações ao Brasil
O Embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, acredita que existem "afinidades políticas" entre Lula e Ahmadinejad, e que essas semelhanças "justificam a aproximação" entre os dois países.
– Tais semelhanças se encontram, por exemplo, na ideia de justiça social, no combate à pobreza e na luta contra políticas colonizadoras modernas – disse o Embaixador à BBC Brasil.
A visita do líder iraniano vem sendo articulada há mais de dois anos. A proposta surgiu em janeiro de 2007, quando Lula e Ahmadinejad se encontraram no Equador, para a posse do presidente Rafael Correa. Até o fim do ano, o presidente brasileiro deverá visitar Teerã.
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