Jornal de Brasília
03/05/2009
DEFESA: críticos da estratégia destacam falta orçamento. Daí que pode dar em nada.
Se para alguns o Plano Estratégico de Defesa merece todo tipo de críticas, para outros é uma sinalização de que o Brasil está de fato preocupado com sua soberania e o plano é como uma luz no fim do túnel. Alguns especialistas no assunto afirmam que o texto do Plano está simplesmente incompleto e quem quer que tente esmiuçá-lo, terá que compor pelo menos "dois terços do que falta ao Plano".
A falta de previsão orçamentária para realizar as ações previstas na Estratégia de Defesa seriam um grande empecilho à defesa do País. "A resposta mais sábia (ao plano) é esperar", pondera um pesquisador da área que prefere não emitir opiniões publicamente enquanto as "lacunas" do plano não forem preenchidas.
Outros estudiosos do assunto, no entanto, são menos radicais. Para o professor de Relações Internacionais da UnB, Alcides Vaz Costa, a importância do documento é dar segmento ao um esforço de construção da política de defesa nacional, considerando, principalmente, a Amazônia e o Atlântico Sul como prioridades.
O professor afirma que o plano "avança muito no que diz respeito ao planejamento, também no ponto de vista do aparelhamento das Forças Armadas" em médio e longo prazo. "O foco é a capacidade de defesa do Brasil", disse. Segundo ele, além da discussão sobre o sucateamento das Forças Armadas, há questionamentos sobre o seu papel no Brasil, que não tem nenhum inimigo declarado nem litígios internacionais que exponham o País. "O foco do plano é colocado na construção da capacidade de defesa", enfatiza.
Ele lembra que 80% da produção de petróleo brasileiro está na costa marítima e que as fronteiras, principalmente, na região amazônica, são "bastante permeáveis".
Por outro lado, a reativação da Quarta Frota norte-americana em águas da América do Sul, em agosto do ano passado e logo após o anúncio da descoberta de petróleo na camada pré-sal, não seria uma grande surpresa. Costa afirma que os EUA são "uma superpotência que projeta seus interesses globalmente". Ele afirma não concordar com essa postura, mas acredita que o Brasil deve se impor nesse contexto. "Compete ao Brasil fazer o que está fazendo em Estratégia de Defesa", argumenta.
Costa afirma que, apesar de fundamental, o Plano não esclarece ou encaminha muito bem de onde virão as dotações orçamentárias que financiarão a pesquisa científica, essencial para o passo que o Brasil pretende dar. Segundo ele, o Plano indica as formas de financiar a reativação da indústria bélica brasileira, principalmente o desenvolvimento da pesquisa de todo o conjunto de tecnologias necessárias. "O documento em si não vai no pormenor dessa questão", argumenta.
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