Folha de São Paulo
13/05/2009
Andrea Murta, de Nova York
DIREITOS HUMANOS
Três anos após votarem contra a criação do controverso Conselho de Direitos Humanos da ONU, os EUA acabam de ser eleitos pela primeira vez para integrar o órgão, em mais um passo para o reposicionamento global defendido pelo presidente do país, Barack Obama.
O resultado, porém, motivou críticas pela falta de competição e pelas vitórias de países como China, Arábia Saudita, Rússia e Cuba, de histórico questionável no tema dos direitos humanos.
Candidatos únicos para a vaga conquistada, os EUA são questionados por questões como uso de tortura em interrogatórios.
"Compartilhamos da visão de que o conselho não alcançou seu potencial", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice. "Mas não tentaríamos entrar se achássemos a tarefa impossível. Sempre haverá países com histórico ruim em direitos humanos. Nós mesmos não temos sido perfeitos."
De toda forma, a chegada do país foi vista positivamente por grupos de direitos humanos. "Ausentes e implicando com o conselho, os EUA não ajudaram", disse à Folha Elizabeth Sepper, especialista em ONU da ONG Human Rights Watch. "A expectativa é que não só os EUA se engajem com outros países, mas que o contrário também ocorra, melhorando a situação de direitos humanos dentro e fora do país."
Segundo a entidade, uma evolução importante será se os EUA permitirem visitas de inspetores independentes a centros de detenção, como Guantánamo.
O país anunciara, em março, que tentaria a vaga para ajudar o conselho a ser mais eficaz, em uma virada em relação ao governo de George W. Bush (2001-2009).
Desde a saída da antiga Comissão de Direitos Humanos da ONU, em 2001, os EUA não concorriam a uma vaga. Alegavam que o grupo se tornara um fórum para ataques anti-Ocidente e anti-Israel.
Em 2006, quando transformado no órgão atual, EUA e Israel não o apoiaram, dizendo que o novo conselho não tinha garantias contra o ingresso de países que ignoram direitos humanos.
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