O Globo
11/08/2009
Professor de História Contemporânea da UFF, Bernardo Kocher acredita que Barack Obama recusará o convite para uma reunião com a Unasul. Segundo ele, o Brasil pode ajudar, mas só a Colômbia pode solucionar a crise.
Renato Galeno
O GLOBO: O presidente Lula disse que a Unasul deveria conversar diretamente com Obama. O senhor acha que isso pode acontecer?
BERNARDO KOCHER: Obama foi instado a participar de uma reunião de chefes de Estado. Diplomaticamente, não vai aceitar. Os EUA, como a Colômbia, tratam a questão como de sua soberania. Mas ela ocorre após dois episódios: Obama convidou Lula a intermediar um contato com o Irã; e Hillary Clinton fez o mesmo pedido à África do Sul, em relação ao Zimbábue. Pode-se dizer que o presidente Lula devolveu a bola. Mas é claro que ele (Obama) não vai vir. Seria cobrado por Equador, Venezuela e Bolívia.
Como a política externa de Obama se encaixa nesta questão?
KOCHER: Há uma lacuna na política externa dos EUA. Obama é crítico em relação a Bush, seu unilateralismo, mas não há uma doutrina Obama. Há iniciativas multilaterais e posições intervencionistas. O uso de não uma ou duas, mas sete bases não é uma decisão ingênua.
Até a semana passada, os EUA faziam pouco caso do fechamento da base no Equador. Agora, apresentam um fato consumado e explicam em cima da hora da reunião da Unasul. Um processo antipático.
O presidente Lula pode ser útil na solução desta crise?
KOCHER: A crise surgiu devido à posição da Venezuela. Lula pode contatar a Venezuela, mas essa variável ele não controla. Na verdade, cabe à Colômbia construir uma saída.
Ela deve construir um consenso de que as bases existem para combater o narcotráfico e a guerrilha, uma vez que já há o consenso na região de que isso é desejável.
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