quinta-feira, 13 de agosto de 2009

China apoia Mianmar no caso Suu Kyi

O Globo

13/08/2009

País pede respeito à soberania judicial da antiga Birmânia

RANGUM. Remando contra a indignação da comunidade internacional, a China saiu ontem em defesa da soberania da Justiça de Mianmar, que condenou a 18 meses de prisão domiciliar a líder da oposição e vencedora do Nobel da Paz (1991) Aung San Suu Kyi. O veredicto, anunciado na segundafeira, despertou reações inflamadas de diversos países, que pediram a imediata libertação da política, de 64 anos. A União Europeia estaria preparando novas sanções contra a antiga Birmânia, hoje governada por uma junta militar. Um dos poucos países a apoiar Mianmar, a China, porém, conclamou o mundo a não interferir nos assuntos internos do país.

O Conselho de Segurança da ONU foi pressionado por países ocidentais a se pronunciar oficialmente contra a sentença.

Mas Rússia e China, que têm poder de veto, esquivaram-se, estancando o processo. Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Jiang Yu disse que o momento é de diálogo com Mianmar, e não de críticas: — A sociedade internacional deve respeitar plenamente a soberania judicial de Mianmar.

Redução da pena seria tentativa de agradar aliados Na segunda-feira, Suu Kyi foi condenada a três anos de detenção por ter violado sua prisão domiciliar ao permitir a visita de um americano. A própria junta militar, porém, reduziu a pena à metade. Segundo analistas, a decisão teria sido uma tentativa de Mianmar de agradar a aliados e vizinhos — China, Índia e, em especial, Tailândia — com os quais mantém intercâmbio comercial.

A nova condenação da política, que passou 14 dos últimos 20 anos presa, a impede de disputar as eleições parlamentares marcadas para 2010. Suu Kyi teria dito a um de seus advogados, Nyan Win, que vai explorar “todos os meios legais” para alcançar a libertação. O partido Liga Nacional para a Democracia, ao qual pertence a ativista, condenou o veredicto, afirmando que ele se baseou num artigo da Constituição de 1974, que já não vigora. A Associação das Nações do Sudeste da Ásia (Asean) também comunicou “profunda decepção” com a decisão.

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