quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fundo soberano amplia atuação no Brasil

Valor Econômico

12/08/2009

Noruega: Carteira, com US$ 370 bi, busca gestores para administrar investimentos em ações de empresas no país

Assis Moreira, de Genebra

O fundo soberano da Noruega, com US$ 370 bilhões e o segundo maior do mundo, busca gestores externos para administrar seus investimentos em ações de companhias brasileiras, sinalizando o interesse em aumentar sua exposição no país. Um porta-voz do fundo disse ao Valor que a licitação está aberta, para atribuir mandatos para aplicações no país ou por setor e considera propostas para "large caps", "mid caps" e "small caps", ou seja, ações de empresas de grande, médio e pequeno portes.

O valor inicial básico para cada gestor externo varia de US$ 50 milhões a US$ 250 milhões. Os principais setores de interesse são tecnologia, mídia, telecomunicação e recursos naturais. A estratégia de selecionar gestores externos visa alcançar "o maior retorno possível" . O retorno básico alvejado pelo fundo, globalmente, é de 4%, segundo fontes em Oslo. Um critério importante para a seleção está vinculado à "vantagem nas informações, composição e implementação do portfólio". O fundo norueguês recebe propostas através da internet (www.nbim.no/templates/article____41390.aspx).

O fundo investe os ganhos da Noruega em óleo e gás. De acordo com estimativas de um banco em Oslo, os recursos sob gestão poderão dobrar dos atuais US$ 370 bilhões para US$ 880 bilhões em 2014. Atualmente, mais de 50% dos recursos estão aplicados em ações em 7.900 empresas em todas as regiões do planeta, boa parte delas de pequeno porte. A outra parcela é investida em títulos, principalmente do Tesouro dos Estados Unidos. O fundo aumentou seus investimentos em ações no Brasil no meio da crise financeira global: 1,1% de seu portfólio eram de companhias brasileiras no primeiro trimestre, comparado a 0,84% em dezembro de 2008 e 0,7% no começo de 2007. O investimento no país representa mais de US$ 2 bilhões e é maior do que tem sido aplicado em ações de companhias da China (0,87% do total), Rússia (1,08%) e Índia (0,73%).

Em entrevista ao Valor no ano passado, o diretor-executivo do fundo , Yngve Slyngstad, já tinha indicado a decisão de aumentar a exposição no Brasil. Segundo ele, o fundo detinha em média 0,90% das ações das companhias brasileiras onde investia.

Yngve Slyngstad tem afirmado que o fundo vai "fazer grandes negócios nos próximos anos", sempre com estratégia de longo prazo. Em julho do ano passado, o governo aumentou o limite que o fundo pode deter em cada companhia, de 5% para 10%. O maior investimento é na empresa de petróleo britânica-holandesa Shell, com quase 10%. No Brasil, o fundo tem ações de dezenas de companhias, desde Petrobras e Vale, passando pelos principais bancos - Banco do Brasil, Itaú, Bradesco -, pela America Latina Logística, Brascan Residencial, Braskem, AES Tietê, Ami Participações, Anglo Ferrous, Aracruz Celulose, Sadia, Perdigão, além de siderúrgicas, elétricas e empresas de telecomunicação.

Maior capital norueguês em companhias brasileiras significa mais pressão por boas práticas. O fundo usa sua influência para levar empresas a se comprometer com respeito dos direitos da criança e proteção ambiental. Em 2008, o fundo excluiu 29 empresas do seu plano de investimentos, 11 nos EUA, acusadas de estrago ambiental, desrespeito aos direitos humanos e comprometimento com produção de armas.

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