quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A questão nuclear e a sociedade de risco

A Folha de São Paulo de 29 de janeiro de 2009 publica a importante notícia para compreender a sociedade de risco hoje.

"Ordem nuclear pode derreter", diz acadêmico


Como se já não bastasse o soturno ambiente global, por conta da crise econômica, um respeitado especialista tratou ontem de introduzir mais alarmismo no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
"A ordem nuclear global não é mais estável hoje do que era a ordem financeira há um ano ou dois", disparou Graham Allison, diretor do Centro Belfer para Assuntos Científicos e Internacionais da Kennedy School of Government, da Universidade Harvard.
Como a ordem financeira derreteu, fica implícito que artefatos nucleares podem aparecer amanhã ou depois nas mãos de grupos irregulares. Mais que implícito, Allison ousou dizer que, "talvez, no próximo encontro de Davos, o terrorismo tenha feito um ataque com armas biológicas ou de destruição em massa em algum lugar".
A frase do especialista surgiu justamente em um debate cujo título era "Crises a serem evitadas a todo custo", o que significa que ele não está seguro de que um atentado com artefato nuclear possa ser de fato evitado. "Nossa capacidade de avaliar riscos sistêmicos é limitada", diz Allison.
Outro acadêmico de Harvard, Daniel Shapiro, diretor da Iniciativa para a Negociação Internacional da universidade, também foi sombrio, ao lembrar que não se cumpriu a expectativa de que o mundo seria um lugar mais seguro, existente quando terminou a Guerra Fria, há 20 anos.
Em todo caso, Gareth Evans, presidente do International Crisis Group, que tem talvez a maior experiência em negociação de conflitos mundo afora, preferiu o otimismo. Para ele houve uma mudança cultural dos anos 90 para cá, pela qual se reconheceu que "a soberania não é uma licença para matar".
Evans compara o massacre em Ruanda nos anos 90 com a crise no Quênia, no ano passado, para demonstrar que a escala de violência mudou para melhor, embora continue sendo grande. (CLÓVIS ROSSI)

Nenhum comentário: