O Globo
26/01/2009
KLAUS SCHWAB
GENEBRA. Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, compara a crise atual a um "grande acidente", causado por carros que circulavam a toda velocidade sem medo de serem flagrados. Schwab defende novas "regras de tráfego", como a revisão da política de bônus dos executivos.
Líderes têm falado em refundar o capitalismo. É só metáfora?
KLAUS SCHWAB: Precisamos reformar o capitalismo. Temos que voltar a alguns valores que podem ter sido perdidos nos últimos anos, porque houve muita ganância.
Que valores vocês perderam?
SCHWAB: Temos que restabelecer o profissionalismo. Se eu vou num médico, eu assumo que ele está me dando o melhor tratamento, sem me dizer: só vou dar o melhor se você me der depois um premium (bônus). No meio empresarial, temos tido a tendência das pessoas dizerem: eu vou dar o melhor de mim só quando for motivado por dinheiro.
O senhor quer menos bônus?
SCHWAB: Tem que ter um salário razoavelmente competitivo, mas a ênfase tem que ser no razoável.
O Fórum defendeu dogmas hoje questionados, como a não intervenção do Estado...
SCHWAB: Pessoas participando do Fórum promoveram estes conceitos. Mas, em algumas reuniões do passado, chamou- se a atenção à necessidade de um sistema regulatório mais coordenado. Sempre dissemos que a economia é global, nos tornamos interdependentes.
Qual foi o problema, então?
SCHWAB: Você tem uma enorme rodovia, a globalização. Algumas pessoas dirigem a 150km/h, 200km/h, dizendo: não somos flagrados. Mas, no fim, temos um grande acidente. Os governos têm que agir como ambulâncias e socorrer os feridos e levá-los ao hospital. Mas não é o fim do trabalho. Temos que nos assegurar que o sistema de tráfego tenha mais regras.
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