O Globo
07/01/2009
Crianças ensanguentadas são obviamente civis, homens lançando foguetes claramente não são. Mas e quanto aos dois médicos atingidos num ataque ao Ministério do Interior do Hamas? Ou às dezenas de recrutas do Hamas que morreram durante uma cerimônia de diplomação logo no início dos ataques? Com o crescimento do número de vítimas em Gaza, ganha peso a reflexão sobre quem ou o que poderia ser considerado alvo militar num território governado por um grupo que muitos consideram ser uma organização terrorista.
Israel diz que está evitando ao máximo a morte de civis e que está obedecendo a todas as leis humanitárias internacionais, mas grupos de direitos humanos acreditam que o país pode estar distorcendo as definições.
A organização israelense B'Tselem, por exemplo, diz que aparentemente cerca de 40 dos recrutas mortos estavam sendo treinados em primeiros-socorros, ajuda humanitária e ordem pública. Eles trabalhariam na polícia do Hamas, que controla desde crimes até o trânsito nas ruas.
O grupo de direitos humanos Human Rights Watch argumenta que mesmo que os policiais pudessem atuar também como militantes do Hamas, eles só poderiam ser legalmente atacados quando estivessem participando de atividades militares.
As leis internacionais que tentam restringir ao máximo as baixas civis são baseadas na distinção de "combatentes e não-combatentes". O Comitê Internacional da Cruz Vermelha - guardiã da Convenção de Genebra, em que se baseia a legislação humanitária internacional - define combatente como uma pessoa "diretamente envolvida em hostilidades".
Mas quando o Exército israelense diz que qualquer um afiliado ao Hamas é um alvo legítimo, a definição se complica.
- Qualquer um envolvido com terrorismo dentro do Hamas é um alvo válido. Desde instituições estritamente militares até instituições políticas que oferecem apoio logístico e recursos humanos ao braço terrorista - disse à BBC Benjamin Rutland, porta-voz das Forças Armadas de Israel .
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