Valor Econômico
16/01/2009
Guy Dinmore, Financial Times, de Roma
Giulio Tremonti, ministro das Finanças da Itália, anunciou ontem propostas que serão apresentadas aos ministros do G-7, que estabeleceriam um "padrão legal" mundial de regras para o futuro da globalização. "Precisamos de uma nova ordem mundial", disse ele ao "Financial Times" em uma entrevista.
"Queremos apresentar novo símbolo - o padrão legal -, assim como antes já houve o padrão ouro." Tremonti aproveitará que a presidência do grupo dos sete países mais industrializados do mundo está com a Itália, para apresentar as propostas aos ministros das Finanças dos G-7, mais a Rússia, em 13 de fevereiro em Roma. Ele diz que os planos da Itália não competem com as propostas sobre a regulamentação financeira que serão discutidas no G-20 em Londres em abril, mas diz que o plano de Roma tem um alcance maior.
A Itália ainda não discutiu suas idéias com os parceiros do G-7, mas Tremonti acredita que tem em princípio o apoio de Nicolas Sarkozy, o presidente da França, e Angela Merkel, a chanceler da Alemanha, que falaram em Paris, na semana passada, da necessidade da liderança européia implementar uma regulamentação financeira mais rígida. Tremonti também espera que Barack Obama, o presidente-eleito dos EUA, seja receptivo à ideia. Um resumo mostrado por ele ao "Financial Times" começa assim: "O 'Padrão Legal' conteria um conjunto básico de regras mínimo sobre a civilidade e decoro das atividades internacionais e a transparência, que se espera que sejam respeitados por toda a comunidade internacional".
Uma mistura de códigos voluntários e compulsórios seria monitorada de perto por uma ampla variedade de ferramentas, incluindo a revisão por pares, execração pública, indicadores e 'lista negra... para as economias 'desonestas'". A Itália já está trabalhando com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, no desenvolvimento dos instrumentos. Alguns deles já existem.
Os instrumentos propostos pela OCDE para o padrão legal incluem uma convenção antissuborno, princípios sobre a governança corporativa que incluem empresas estatais, diretrizes para empresas multinacionais, padrões de transparência e cooperação na tributação, princípios de transparência de informações financeiras, recomendações já existentes da força-tarefa do G-7 sobre a lavagem de dinheiro, e padrões para os direitos de propriedade internacional.
As propostas se originam da convicção de Tremonti de que o "verdadeiro" capitalismo está em crise porque a globalização abraçou a Ásia na última década "e ampliou-se rápido demais, cresceu muito cedo e envolveu muita alavancagem e muito endividamento". O que ele chama de "tecnofinanças", incluindo a proliferação dos derivativos, foi criado na plataforma da globalização irrestrita, em que em partes do mundo "a única regra é a ausência de regras".
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