Folha de São Paulo
15/01/2009
1920-1947
O mandato britânico
Com derrota do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial, britânicos assumem controle da Palestina, recebendo mandato da Liga das Nações em 1922.
A imigração judaica para a região cresce, estimulada pelo movimento nacionalista sionista nascido na Europa no século 19, em reação à perseguição aos judeus no continente. A intenção de estabelecer um "lar nacional" para os judeus na Palestina foi baseada em parte nos laços religiosos e históricos com a região. A proposta teve o apoio do governo britânico na Declaração Balfour, de 1917.
Entre 1890 e 1922, a população judaica na Palestina dobra, de 40 mil para cerca de 85 mil. Em 1947, chega a 600 mil, para 1,3 milhão de árabes. Comunidade judaica forma grupos paramilitares.
Entre 1936 e 1939, ocorre revolta dos árabes da Palestina contra domínio britânico e imigração judaica, que abriu disputa por terras.
1947-1948
Partilha e guerra
Em 1947, sob impacto do Holocausto de 6 milhões de judeus pela Alemanha nazista, a ONU, sucessora da Liga das Nações, aprova partilha da Palestina.
Pelo plano, judeus ficariam com 56% do território e um Estado árabe seria formado no restante. Árabes rejeitam partilha, sob argumento de que ela não obedeceu à proporção entre as populações. Começam confrontos entre os dois grupos.
Em 1948, Israel declara independência, um dia antes do fim formal do mandato britânico, em 15 de maio. Milícias são fundidas em Exército. Novo país é invadido por tropas das nações árabes vizinhas. Vitorioso, Israel passa a ocupar 77% da Palestina.
No conflito, que os palestinos chamam de Nakba (catástrofe), mais de 600 mil árabes foram expulsos ou tiveram que fugir de Israel, perdendo casas e propriedades; 160 mil permaneceram.
1948-1967
Expansão israelense
Egito assume controle de Gaza e Jordânia, da Cisjordânia. População dos territórios incha com os campos de refugiados vindos de Israel, que recebe no período 700 mil judeus da Europa e de países árabes, boa parte deles expulsos ou em fuga. Palestinos se espalham também por outros países da região.
Em 1957, israelenses, britânicos e franceses invadem Egito, tentando retomar o controle do canal de Suez, nacionalizado pelo governo de Gamal Abdel Nasser. Guerra é interrompida após intervenção dos EUA.
Em 1967, alegando invasão iminente capitaneada por Nasser, que mobilizara tropas na fronteira, Israel ataca Egito. Jordânia entra na guerra, ao final da qual Israel ocupa Sinai (Egito), colinas de Golã (Síria), faixa de Gaza, Cisjordânia e setor oriental (árabe) de Jerusalém. Resolução 242 da ONU pede retirada israelense desses territórios.
Em 1964, é fundada a Organização para a Libertação da Palestina, coalizão de grupos nacionalistas e marxistas que não reconhecem Israel, pedem direito de retorno dos refugiados e autodeterminação para palestinos. O grupo passa a atacar Israel a partir da Jordânia.
1967-1988
Questão palestina
Em setembro de 1970, militantes da OLP são expulsos da Jordânia e se refugiam no Líbano. Em 1972, 11 atletas israelenses são mortos pelo grupo Setembro Negro, ligado à OLP, durante Olimpíada da Munique.
Em 1973, na Guerra do Yom Kippur, Síria e Egito atacam Israel pelo Sinai e por Golã. Depois de 48 horas, Israel reverte vantagem árabe e lhes impõe derrota.
Em 1974, o Fatah, facção dominante na OLP, passa a defender a criação de um Estado binacional na Palestina. Facções linha-dura rompem com a OLP.
Em 1978, Israel devolve Sinai ao Egito no Acordo de Camp David, mediado pelos EUA.
Em 1982, Israel invade Líbano para expulsar OLP. Exército israelense chega a Beirute, onde permite massacre de refugiados palestinos nos campos de Sabra e Shatila por milícias cristãs aliadas. Comando da OLP se refugia na Tunísia.
Em 1987, eclode primeira Intifada (revolta) contra Israel em Gaza e na Cisjordânia. Em 1988, declaração de independência palestina feita pela OLP reconhece indiretamente Israel, nas fronteiras anteriores a 1967.
No mesmo ano, surge o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que prega a destruição de Israel, mas é inicialmente estimulado pelo governo israelense, como modo de enfraquecer OLP.
1988-2000
Esperança e decepções
Sob pressão dos EUA, Israel estabelece primeiras negociações diretas com representantes palestinos, na Conferência de Madri (1991).
Em 1993, Israel e OLP firmam Acordos de Oslo, que preveem estágio interino de autonomia palestina em Gaza e na Cisjordânia até negociações finais para Estado palestino.
É criada Autoridade Nacional Palestina (ANP), sob comando de Iasser Arafat, que em 1994 volta do exílio na Tunísia. Em 1996, Arafat é eleito presidente da ANP.
Áreas de Gaza e da Cisjordânia passam ao controle palestino, mas Israel mantém a colonização da Cisjordânia.
Em 1994, Hamas promove seu primeiro atentado terrorista, após morte de 29 palestinos por grupo extremista judaico em Hebron.
Em 1995, premiê israelense Yitzhak Rabin é assassinado por extremista judeu. Em 1996, direitista Binyamin Netanyahu é eleito premiê. Em 1999, é sucedido pelo trabalhista Ehud Barak.
Em julho de 2000, último ano de seu mandato, o americano Bill Clinton reúne Barak e Arafat em Camp David (EUA) para cúpula destinada a pôr fim à questão. A cúpula fracassa, apesar de Israel julgar ter apresentado sua melhor proposta.
Barak oferecia aos palestinos 95% de Gaza e da Cisjordânia (equivalente a menos de 22% da Palestina histórica) e capital em parte da Jerusalém árabe, mas não soberania sobre Esplanada das Mesquitas. Também não houve acordo sobre retorno dos refugiados.
2000-2008
Endurecimento
Em setembro de 2000, Ariel Sharon, líder do direitista Likud em campanha para premiê, vai à Esplanada das Mesquitas. Começa a Segunda Intifada. Atentados terroristas, ataques israelenses e confrontos deixam 5.000 palestinos e 1.000 israelenses mortos em quatro anos.
Sharon, eleito premiê em 2001, funda o partido Kadima, que promete abrir mão da "Grande Israel". Em 2002, ele começa construção do muro entre Israel e Cisjordânia. O muro reduz a quase zero os atentados em Israel, mas anexa grandes porções do território palestino.
Em 2004, Arafat morre; é substituído na Presidência da ANP por Mahmoud Abbas, do Fatah, eleito em 2005 Em 2005, Israel retira soldados e 8.000 colonos de Gaza, mas mantém controle sobre fronteiras marítimas e terrestres do território. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental são mantidos 400 mil colonos.
Sharon entra em coma em 2006 e é substituído por Ehud Olmert. Hamas vence eleições legislativas palestinas de janeiro de 2006; seu gabinete é boicotado por Israel e pelo Ocidente, que classificam o grupo como terrorista.
Em 2007, combates entre Hamas e Fatah levam à expulsão do Fatah de Gaza. ANP nomeia novo gabinete, que só tem voz em parte da Cisjordânia. Israel inicia cerco econômico a Gaza. Hamas usa túneis na fronteira egípcia para contrabandear alimentos, combustível e armas. O grupo e facções ultrarradicais, como Jihad Islâmica, aumentam ataques com foguetes contra Israel.
Trégua mediada pelo Egito entre Israel e Hamas vigora entre junho e dezembro de 2008. Nenhum dos dois lados cumpre estritamente o acordo.
O mandato britânico
Com derrota do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial, britânicos assumem controle da Palestina, recebendo mandato da Liga das Nações em 1922.
A imigração judaica para a região cresce, estimulada pelo movimento nacionalista sionista nascido na Europa no século 19, em reação à perseguição aos judeus no continente. A intenção de estabelecer um "lar nacional" para os judeus na Palestina foi baseada em parte nos laços religiosos e históricos com a região. A proposta teve o apoio do governo britânico na Declaração Balfour, de 1917.
Entre 1890 e 1922, a população judaica na Palestina dobra, de 40 mil para cerca de 85 mil. Em 1947, chega a 600 mil, para 1,3 milhão de árabes. Comunidade judaica forma grupos paramilitares.
Entre 1936 e 1939, ocorre revolta dos árabes da Palestina contra domínio britânico e imigração judaica, que abriu disputa por terras.
1947-1948
Partilha e guerra
Em 1947, sob impacto do Holocausto de 6 milhões de judeus pela Alemanha nazista, a ONU, sucessora da Liga das Nações, aprova partilha da Palestina.
Pelo plano, judeus ficariam com 56% do território e um Estado árabe seria formado no restante. Árabes rejeitam partilha, sob argumento de que ela não obedeceu à proporção entre as populações. Começam confrontos entre os dois grupos.
Em 1948, Israel declara independência, um dia antes do fim formal do mandato britânico, em 15 de maio. Milícias são fundidas em Exército. Novo país é invadido por tropas das nações árabes vizinhas. Vitorioso, Israel passa a ocupar 77% da Palestina.
No conflito, que os palestinos chamam de Nakba (catástrofe), mais de 600 mil árabes foram expulsos ou tiveram que fugir de Israel, perdendo casas e propriedades; 160 mil permaneceram.
1948-1967
Expansão israelense
Egito assume controle de Gaza e Jordânia, da Cisjordânia. População dos territórios incha com os campos de refugiados vindos de Israel, que recebe no período 700 mil judeus da Europa e de países árabes, boa parte deles expulsos ou em fuga. Palestinos se espalham também por outros países da região.
Em 1957, israelenses, britânicos e franceses invadem Egito, tentando retomar o controle do canal de Suez, nacionalizado pelo governo de Gamal Abdel Nasser. Guerra é interrompida após intervenção dos EUA.
Em 1967, alegando invasão iminente capitaneada por Nasser, que mobilizara tropas na fronteira, Israel ataca Egito. Jordânia entra na guerra, ao final da qual Israel ocupa Sinai (Egito), colinas de Golã (Síria), faixa de Gaza, Cisjordânia e setor oriental (árabe) de Jerusalém. Resolução 242 da ONU pede retirada israelense desses territórios.
Em 1964, é fundada a Organização para a Libertação da Palestina, coalizão de grupos nacionalistas e marxistas que não reconhecem Israel, pedem direito de retorno dos refugiados e autodeterminação para palestinos. O grupo passa a atacar Israel a partir da Jordânia.
1967-1988
Questão palestina
Em setembro de 1970, militantes da OLP são expulsos da Jordânia e se refugiam no Líbano. Em 1972, 11 atletas israelenses são mortos pelo grupo Setembro Negro, ligado à OLP, durante Olimpíada da Munique.
Em 1973, na Guerra do Yom Kippur, Síria e Egito atacam Israel pelo Sinai e por Golã. Depois de 48 horas, Israel reverte vantagem árabe e lhes impõe derrota.
Em 1974, o Fatah, facção dominante na OLP, passa a defender a criação de um Estado binacional na Palestina. Facções linha-dura rompem com a OLP.
Em 1978, Israel devolve Sinai ao Egito no Acordo de Camp David, mediado pelos EUA.
Em 1982, Israel invade Líbano para expulsar OLP. Exército israelense chega a Beirute, onde permite massacre de refugiados palestinos nos campos de Sabra e Shatila por milícias cristãs aliadas. Comando da OLP se refugia na Tunísia.
Em 1987, eclode primeira Intifada (revolta) contra Israel em Gaza e na Cisjordânia. Em 1988, declaração de independência palestina feita pela OLP reconhece indiretamente Israel, nas fronteiras anteriores a 1967.
No mesmo ano, surge o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que prega a destruição de Israel, mas é inicialmente estimulado pelo governo israelense, como modo de enfraquecer OLP.
1988-2000
Esperança e decepções
Sob pressão dos EUA, Israel estabelece primeiras negociações diretas com representantes palestinos, na Conferência de Madri (1991).
Em 1993, Israel e OLP firmam Acordos de Oslo, que preveem estágio interino de autonomia palestina em Gaza e na Cisjordânia até negociações finais para Estado palestino.
É criada Autoridade Nacional Palestina (ANP), sob comando de Iasser Arafat, que em 1994 volta do exílio na Tunísia. Em 1996, Arafat é eleito presidente da ANP.
Áreas de Gaza e da Cisjordânia passam ao controle palestino, mas Israel mantém a colonização da Cisjordânia.
Em 1994, Hamas promove seu primeiro atentado terrorista, após morte de 29 palestinos por grupo extremista judaico em Hebron.
Em 1995, premiê israelense Yitzhak Rabin é assassinado por extremista judeu. Em 1996, direitista Binyamin Netanyahu é eleito premiê. Em 1999, é sucedido pelo trabalhista Ehud Barak.
Em julho de 2000, último ano de seu mandato, o americano Bill Clinton reúne Barak e Arafat em Camp David (EUA) para cúpula destinada a pôr fim à questão. A cúpula fracassa, apesar de Israel julgar ter apresentado sua melhor proposta.
Barak oferecia aos palestinos 95% de Gaza e da Cisjordânia (equivalente a menos de 22% da Palestina histórica) e capital em parte da Jerusalém árabe, mas não soberania sobre Esplanada das Mesquitas. Também não houve acordo sobre retorno dos refugiados.
2000-2008
Endurecimento
Em setembro de 2000, Ariel Sharon, líder do direitista Likud em campanha para premiê, vai à Esplanada das Mesquitas. Começa a Segunda Intifada. Atentados terroristas, ataques israelenses e confrontos deixam 5.000 palestinos e 1.000 israelenses mortos em quatro anos.
Sharon, eleito premiê em 2001, funda o partido Kadima, que promete abrir mão da "Grande Israel". Em 2002, ele começa construção do muro entre Israel e Cisjordânia. O muro reduz a quase zero os atentados em Israel, mas anexa grandes porções do território palestino.
Em 2004, Arafat morre; é substituído na Presidência da ANP por Mahmoud Abbas, do Fatah, eleito em 2005 Em 2005, Israel retira soldados e 8.000 colonos de Gaza, mas mantém controle sobre fronteiras marítimas e terrestres do território. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental são mantidos 400 mil colonos.
Sharon entra em coma em 2006 e é substituído por Ehud Olmert. Hamas vence eleições legislativas palestinas de janeiro de 2006; seu gabinete é boicotado por Israel e pelo Ocidente, que classificam o grupo como terrorista.
Em 2007, combates entre Hamas e Fatah levam à expulsão do Fatah de Gaza. ANP nomeia novo gabinete, que só tem voz em parte da Cisjordânia. Israel inicia cerco econômico a Gaza. Hamas usa túneis na fronteira egípcia para contrabandear alimentos, combustível e armas. O grupo e facções ultrarradicais, como Jihad Islâmica, aumentam ataques com foguetes contra Israel.
Trégua mediada pelo Egito entre Israel e Hamas vigora entre junho e dezembro de 2008. Nenhum dos dois lados cumpre estritamente o acordo.
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