sábado, 31 de janeiro de 2009

Juiz espanhol abre inquérito contra líderes israelenses

Folha de São Paulo

30/01/2009

da redação

O juiz espanhol Fernando Andreu investiga por suposto crime contra a humanidade o ex-ministro da Defesa israelense Benjamin Ben-Eliezer, atualmente na pasta da Infra-estrutura, e outras seis autoridades envolvidas em um ataque que matou, em 2002, um líder do Hamas e 14 civis palestinos na faixa de Gaza.
O inquérito -fase inicial do processo na Audiência Nacional, alto tribunal espanhol- provocou comoção em Israel, que promete usar "todos os meios" para paralisar o caso.
A investigação aberta ontem é "uma alucinação" da Justiça espanhola, atacou o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, que defendeu a política de "assassinatos seletivos". Execuções extrajudiciais de líderes do Hamas são consideradas legítimas em Israel, que atribui a Salah Shehadeh, o dirigente do Hamas assassinado, participação em mais de cem mortes.
Para Binyamin Netanyahu, líder do direitista Likud, partido favorito nas eleições israelenses de 10 de fevereiro, a investigação espanhola "ridiculariza a Justiça internacional".
A ação, apresentada pelo Centro Palestino para os Direitos Humanos, foi aceita por Andreu após recusa israelense em informar se o caso estava sendo investigado no país. Pela doutrina da Justiça universal, adotada na Espanha, o país é competente para julgar crimes previstos em tratados internacionais mesmo que eles não tenham ocorrido em seu território e não envolvam espanhóis.

Temores
Para o juiz Andreu, há suspeita de crime contra a humanidade no assassinato de Shehadeh, em julho de 2002. A Força Aérea israelense lançou uma bomba de uma tonelada sobre a casa do dirigente do Hamas, em zona densamente povoada de Gaza. Quinze pessoas morreram, entre elas nove crianças, e 150 ficaram feridas.
O processo renovou temores de Israel, que se prepara para uma ofensiva jurídica após o recente ataque contra Gaza. Ministros receiam que o país seja pressionado a aceitar uma investigação internacional sobre as mortes de civis e uso ilegal de armas. O Tribunal Penal Internacional, que julga indivíduos acusados de crimes de guerra, examina denúncias contra Israel apresentadas pela Autoridade Nacional Palestina e pela Liga Árabe, como informou a Folha ontem.
A nova embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, disse ontem esperar que Israel "cumpra sua obrigação internacional de investigar" as acusações de que o Exército violou leis de guerra em Gaza, mas também pediu que os países evitem "politizar" o tema. Sobre o Hamas, Rice disse que o grupo viola as leis internacionais "ao atacar Israel com foguetes e usar instalações civis para os ataques".
Com agências internacionais

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