O Estado de São Paulo
21/03/2009
Em cúpula árabe-sul-americana, Sudão solicitará apoio contra condenação de seu presidente
Jamil Chade
A cúpula entre países árabes e sul-americanos, que ocorre no dia 30 em Doha, pode se transformar em uma saia justa para o governo brasileiro. Em entrevista ao Estado, o chanceler do Sudão, Elsamani Elwasila Elsamani, afirmou que seu governo pedirá durante a cúpula o apoio dos países sul-americanos, e em especial do Brasil, ao presidente sudanês, Omar al-Bashir.
O líder sudanês foi indiciado há duas semanas pelo Tribunal Penal Internacional, de Haia, por crimes de guerra e contra humanidade cometidos no conflito em Darfur. O tribunal emitiu um mandado de prisão contra ele, mas o Sudão e todos os países árabes já declararam que não cumprirão a ordem. O Brasil não se pronunciou sobre o indiciamento, apesar de fazer parte do TPI.
"Queremos contar com o apoio do Brasil nessa questão. Para nós, a posição brasileira é estratégica", afirmou o chanceler. "Será muito importante aproveitar a ocasião para mostrar que a cooperação política entre os países da América do Sul existe de fato", acrescentou. Bashir é o primeiro presidente em exercício a ser processado pelo TPI.
A cúpula será a primeira viagem internacional do líder sudanês após seu indiciamento. Mas as autoridades do Catar garantiram que não o entregarão ao tribunal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estarão no encontro.
Segundo a investigação do TPI, há provas do envolvimento direto de Bashir nos crimes cometidos em Darfur. A ONU estima que cerca de 300 mil pessoas morreram no conflito, iniciado em 2003. O governo do Sudão diz que as mortes não passam de 10 mil.
Nos últimos dois anos, o Brasil tem evitado criticar o governo do Sudão nos debates na ONU. No Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Itamaraty chegou a intervir nas negociações de resoluções, pedindo que condenações a Cartum fossem retiradas de textos oficiais.
"O que o TPI fez foi um grave erro. Havia um processo de paz sendo conduzido e o indiciamento atrapalhou. Tudo isso ocorre por causa de uma posição política do Ocidente. Se tivéssemos mais países em desenvolvimento no Conselho de Segurança, isso não teria ocorrido", afirmou o chanceler sudanês.
"Por isso que precisamos mudar o Conselho de Segurança da ONU. Precisamos ter um representante da América do Sul e dos países árabes com poder de veto", disse Elsamani. Segundo ele, o Sudão está disposto a apoiar a candidatura do Brasil para o Conselho. "Também queremos discutir cooperação tecnológica com o Brasil."
A conferência entre países sul-americanos e árabes foi uma iniciativa do governo brasileiro para aproximar as duas regiões. A primeira cúpula ocorreu em 2005, em Brasília. Chanceleres das duas regiões reuniram-se no início do mês para preparar a cúpula. Durante o evento, o chanceler brasileiro,Celso Amorim, disse que o comércio do Brasil com os países árabes passou de US$ 6 bilhões, em 2005, para US$ 20 bilhões, em 2008.
Jamil Chade
A cúpula entre países árabes e sul-americanos, que ocorre no dia 30 em Doha, pode se transformar em uma saia justa para o governo brasileiro. Em entrevista ao Estado, o chanceler do Sudão, Elsamani Elwasila Elsamani, afirmou que seu governo pedirá durante a cúpula o apoio dos países sul-americanos, e em especial do Brasil, ao presidente sudanês, Omar al-Bashir.
O líder sudanês foi indiciado há duas semanas pelo Tribunal Penal Internacional, de Haia, por crimes de guerra e contra humanidade cometidos no conflito em Darfur. O tribunal emitiu um mandado de prisão contra ele, mas o Sudão e todos os países árabes já declararam que não cumprirão a ordem. O Brasil não se pronunciou sobre o indiciamento, apesar de fazer parte do TPI.
"Queremos contar com o apoio do Brasil nessa questão. Para nós, a posição brasileira é estratégica", afirmou o chanceler. "Será muito importante aproveitar a ocasião para mostrar que a cooperação política entre os países da América do Sul existe de fato", acrescentou. Bashir é o primeiro presidente em exercício a ser processado pelo TPI.
A cúpula será a primeira viagem internacional do líder sudanês após seu indiciamento. Mas as autoridades do Catar garantiram que não o entregarão ao tribunal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estarão no encontro.
Segundo a investigação do TPI, há provas do envolvimento direto de Bashir nos crimes cometidos em Darfur. A ONU estima que cerca de 300 mil pessoas morreram no conflito, iniciado em 2003. O governo do Sudão diz que as mortes não passam de 10 mil.
Nos últimos dois anos, o Brasil tem evitado criticar o governo do Sudão nos debates na ONU. No Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Itamaraty chegou a intervir nas negociações de resoluções, pedindo que condenações a Cartum fossem retiradas de textos oficiais.
"O que o TPI fez foi um grave erro. Havia um processo de paz sendo conduzido e o indiciamento atrapalhou. Tudo isso ocorre por causa de uma posição política do Ocidente. Se tivéssemos mais países em desenvolvimento no Conselho de Segurança, isso não teria ocorrido", afirmou o chanceler sudanês.
"Por isso que precisamos mudar o Conselho de Segurança da ONU. Precisamos ter um representante da América do Sul e dos países árabes com poder de veto", disse Elsamani. Segundo ele, o Sudão está disposto a apoiar a candidatura do Brasil para o Conselho. "Também queremos discutir cooperação tecnológica com o Brasil."
A conferência entre países sul-americanos e árabes foi uma iniciativa do governo brasileiro para aproximar as duas regiões. A primeira cúpula ocorreu em 2005, em Brasília. Chanceleres das duas regiões reuniram-se no início do mês para preparar a cúpula. Durante o evento, o chanceler brasileiro,Celso Amorim, disse que o comércio do Brasil com os países árabes passou de US$ 6 bilhões, em 2005, para US$ 20 bilhões, em 2008.
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