quarta-feira, 25 de março de 2009

Execuções crescem 90% em um ano

O Globo

25/03/2009

Segundo Anistia Internacional, China é responsável por 72% das mortes

LONDRES. A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) denunciou ontem em seu relatório anual que, em 2008, um total de 2.390 pessoas foram executadas legalmente no mundo todo, 72% delas na China. O número é, de acordo com o documento, 90% superior ao de 2007.

No relatório, intitulado "Penas de morte e execuções", a AI afirma que as execuções ocorreram em 25 países - dado que demonstra uma concentração desta prática - e acrescenta que pelo menos 8.864 pessoas foram condenadas à morte em 52 nações.

"A China realizou pelo menos 1.718 execuções, 72% das praticadas no mundo todo, mas o número pode ser maior, já que os dados sobre as penas de morte e as execuções são segredo de Estado", diz um trecho do relatório.

Estados Unidos executaram 37 pessoas em 2008

Depois da China, os países que mais executaram em 2008 foram Irã, Arábia Saudita, EUA e Paquistão. Os cinco países são, juntos, responsáveis por mais de 90% das mortes.

Segundo a ONG, com sede em Londres, só um Estado europeu, a Bielorrúsia, ainda adota a pena de morte.

- Decapitações, eletrocussões, enforcamentos, administrações de injeções letais, fuzilamentos e apedrejamentos não têm lugar no século XXI. As penas capitais precisam ser extintas - afirmou a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan.

A organização faz referência também a países nos quais penas de morte foram impostas em processos injustos, como Afeganistão, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Paquistão, Nigéria, Sudão e Iêmen. Além disso, o risco de executar inocentes persiste, como mostram os casos de quatro condenados à morte que foram libertados nos EUA após ficar comprovada sua inocência.

"Muitos condenados à morte sofrem duras condições de reclusão e suportam penas psicológicas, como é o caso do Japão, onde é habitual que o enforcamento só seja comunicado na manhã da execução, e as famílias só são informadas após a morte ", diz o relatório.

O texto ressalta que grande parte do mundo está avançando em direção à abolição da pena de morte, pois só em 25 dos 59 países que adotam a sentença foram registradas execuções em 2008.

Os retrocessos em 2008 ocorreram em países como São Cristóvão e Névis, onde ocorreu a primeira execução realizada na América fora dos EUA desde 2003, e pela Libéria, onde a condenação foi reinserida para os crimes de assalto, terrorismo e roubo de veículos.

A maioria das execuções realizadas em 2008 ocorreu na Ásia, onde 11 países continuam utilizando a pena de morte: Afeganistão, Bangladesh, China, Coreia do Norte, Indonésia, Japão, Malásia, Mongólia, Paquistão, Cingapura e Vietnã. A segunda região foi o Oriente Médio, com 508. Na América, só os EUA adotam execuções de maneira constante, sendo 37 em 2008. Pelo menos 125 pessoas foram condenadas à morte ano passado no continente americano.

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