Valor Econômico
31/03/2009
Financial Times
O encontro de chefes de governo do G-20 (grupo de 20 países de maior renda e emergentes) em Londres será um momento de definição. Num momento de crise econômica, os líderes dos países que geram a maior parte da atividade econômica global têm de apontar o caminho por meio de soluções comuns. Se eles conseguirem fazer isso, o encontro pode não ser lembrado como o começo do fim da crise, mas como o fim do começo.
Só o fato de o G-20 ser visto como o grupo certo para enfrentar esse desafio já é significativo. Não é mais possível que um pequeno número de países ocidentais - junto com o Japão - resolva os problemas econômicos mundiais. O G-20, por outro lado, contém todas as economias importantes do mundo. Aqui, sobretudo, as potências emergentes não se sentem como meros convidados, como nos encontros do G-8, o grupo de países mais ricos. Sendo assim, este é o grupo certo. Seu primeiro encontro foi em Washington, em novembro passado. O encontro de Londres deve ser o segundo de uma série.
Alguns progressos substanciais já foram alcançados, auxiliados por análises úteis do Fundo Monetário Internacional. Nunca antes a sabedoria dos fundadores das instituições de Bretton Woods e da Organização Mundial do Comércio havia ficado tão evidente quanto durante esta crise. Diferentemente dos anos 30, a existência dessas instituições reforçou os hábitos de cooperação e salvaguardou os princípios de abertura de mercado. Elas nos lembram, por sua existência e preceitos, que a crise mundial realmente precisa de soluções mundiais.
Elas também nos contam quão mal vai essa crise agora. Em sua última previsão, o FMI sugere que a economia mundial pode se contrair de 0,5% a 1% neste ano, o primeiro declínio desse gênero desde a Segunda Guerra Mundial. A OMC prevê um declínio de 9% no volume de comércio global. Essas quedas maciças vão ocorrer apesar dos estímulos fiscais e monetários já em aplicação. Esses números nos falam de esperanças obliteradas e vidas em dificuldades por todo o planeta.
A primeira prioridade do encontro, então, é prometer pacotes de estímulo grandes o bastante para eliminar o risco de uma espital de declínio na demanda e na produção mundiais.
Os países com reservas cambiais e superávits estão em melhor posição para adotar as medidas monetárias e fiscais. Os últimos têm obrigação e oportunidades excepcionais, já que dependem tando dos gastos e empréstimos dos outros para suas próprias estabilidades macroeconômicas. A China pode estar começando a entender isso. A Alemanha, não.
A segunda prioridade é um aumento nos recursos disponíveis ao FMI, para que ele possa responder adequadamente às dificuldades dos países emergentes, se não dos países da Europa Central e do Leste, também. Os recursos existentes de cerca de US$ 250 bilhões correspondem a aproximadamente 4% das reservas cambiais internacionais. Os europeus sugeriram dobrar esse montante; os EUA falam em triplicar. Os EUA estão mais perto em acertar o tamanho necessário.
A terceira prioridade é um acordo em como limpar a bagunça do setor financeiro sem acelerar a desintegração do sistema financeiro mundial. O protecionismo financeiro é quase que um resultado inevitável dos planos de ajuda financiados pelos contribuintes. Mas é preciso resistir a essa forma de protecionismo.
Isso nos leva à quarta prioridade: uma suspensão no protecionismo, inclusive comercial. Isso teria de ser monitorado pela OMC e pelo FMI.
Se o encontro alcançar esses objetivos básicos, ele terá sido um sucesso. Além disso, ele terá de promover esforços em três direções: análises dos erros do sistema financeiro e a promoção de uma reforma radical; análises tanto da fragilidade do sistema monetário global quando dos desequilíbrios macroeconômicos, que tiveram um grande papel para a instalação dessa crise; e a rápida reforma e modernização da estrutura das instituições internacionais. Separar o setor de monitoramento do de concessão de crédito deve ser uma parte dessas reformas. A melhor maneira seria formar grupos de alto nível de especialistas independentes que fariam recomendações aos líderes do G-20 até o final do ano.
Essa é uma crise que vai definir a economia global. A história julgará os líderes e o modo como eles responderam ao desafio. Ou eles põem em prática um programa de recuperação e reforma que leve a uma globalização mais saudável ou eles serão considerados responsáveis pelo colapso da promessa de um mundo melhor. Essa é uma escolha entre avançar e retroceder. É uma decisão que esses líderes têm de tomar juntos. Que tomem a decisão certa.
O encontro de chefes de governo do G-20 (grupo de 20 países de maior renda e emergentes) em Londres será um momento de definição. Num momento de crise econômica, os líderes dos países que geram a maior parte da atividade econômica global têm de apontar o caminho por meio de soluções comuns. Se eles conseguirem fazer isso, o encontro pode não ser lembrado como o começo do fim da crise, mas como o fim do começo.
Só o fato de o G-20 ser visto como o grupo certo para enfrentar esse desafio já é significativo. Não é mais possível que um pequeno número de países ocidentais - junto com o Japão - resolva os problemas econômicos mundiais. O G-20, por outro lado, contém todas as economias importantes do mundo. Aqui, sobretudo, as potências emergentes não se sentem como meros convidados, como nos encontros do G-8, o grupo de países mais ricos. Sendo assim, este é o grupo certo. Seu primeiro encontro foi em Washington, em novembro passado. O encontro de Londres deve ser o segundo de uma série.
Alguns progressos substanciais já foram alcançados, auxiliados por análises úteis do Fundo Monetário Internacional. Nunca antes a sabedoria dos fundadores das instituições de Bretton Woods e da Organização Mundial do Comércio havia ficado tão evidente quanto durante esta crise. Diferentemente dos anos 30, a existência dessas instituições reforçou os hábitos de cooperação e salvaguardou os princípios de abertura de mercado. Elas nos lembram, por sua existência e preceitos, que a crise mundial realmente precisa de soluções mundiais.
Elas também nos contam quão mal vai essa crise agora. Em sua última previsão, o FMI sugere que a economia mundial pode se contrair de 0,5% a 1% neste ano, o primeiro declínio desse gênero desde a Segunda Guerra Mundial. A OMC prevê um declínio de 9% no volume de comércio global. Essas quedas maciças vão ocorrer apesar dos estímulos fiscais e monetários já em aplicação. Esses números nos falam de esperanças obliteradas e vidas em dificuldades por todo o planeta.
A primeira prioridade do encontro, então, é prometer pacotes de estímulo grandes o bastante para eliminar o risco de uma espital de declínio na demanda e na produção mundiais.
Os países com reservas cambiais e superávits estão em melhor posição para adotar as medidas monetárias e fiscais. Os últimos têm obrigação e oportunidades excepcionais, já que dependem tando dos gastos e empréstimos dos outros para suas próprias estabilidades macroeconômicas. A China pode estar começando a entender isso. A Alemanha, não.
A segunda prioridade é um aumento nos recursos disponíveis ao FMI, para que ele possa responder adequadamente às dificuldades dos países emergentes, se não dos países da Europa Central e do Leste, também. Os recursos existentes de cerca de US$ 250 bilhões correspondem a aproximadamente 4% das reservas cambiais internacionais. Os europeus sugeriram dobrar esse montante; os EUA falam em triplicar. Os EUA estão mais perto em acertar o tamanho necessário.
A terceira prioridade é um acordo em como limpar a bagunça do setor financeiro sem acelerar a desintegração do sistema financeiro mundial. O protecionismo financeiro é quase que um resultado inevitável dos planos de ajuda financiados pelos contribuintes. Mas é preciso resistir a essa forma de protecionismo.
Isso nos leva à quarta prioridade: uma suspensão no protecionismo, inclusive comercial. Isso teria de ser monitorado pela OMC e pelo FMI.
Se o encontro alcançar esses objetivos básicos, ele terá sido um sucesso. Além disso, ele terá de promover esforços em três direções: análises dos erros do sistema financeiro e a promoção de uma reforma radical; análises tanto da fragilidade do sistema monetário global quando dos desequilíbrios macroeconômicos, que tiveram um grande papel para a instalação dessa crise; e a rápida reforma e modernização da estrutura das instituições internacionais. Separar o setor de monitoramento do de concessão de crédito deve ser uma parte dessas reformas. A melhor maneira seria formar grupos de alto nível de especialistas independentes que fariam recomendações aos líderes do G-20 até o final do ano.
Essa é uma crise que vai definir a economia global. A história julgará os líderes e o modo como eles responderam ao desafio. Ou eles põem em prática um programa de recuperação e reforma que leve a uma globalização mais saudável ou eles serão considerados responsáveis pelo colapso da promessa de um mundo melhor. Essa é uma escolha entre avançar e retroceder. É uma decisão que esses líderes têm de tomar juntos. Que tomem a decisão certa.
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