Matéria do jornal O Estado de São Paulo ressalta o multilateralismo nas negociações internacionais.
'Brasil tem sido fundamental no diálogo entre os países'
19/11/2008
Jamil Chade, Genebra
Para secretário da ONU, emergentes devem participar das decisões globais
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, alerta: depois da reunião do G-20 em Washington no último fim de semana, não há mais como tomar decisões internacionais sem os países emergentes e sem o Brasil. “O mundo está mudando, e essa mudança inclui a participação dos países emergentes”, disse Ban em entrevista ao Estado ontem em Genebra. A crise, segundo ele, está exigindo a participação de todos num processo de reforma. Mas o secretário-geral ainda evita falar sobre uma ampliação do Conselho de Segurança da ONU, uma das principais reivindicações da política externa brasileira, que continua sem ser atendida.
“O Brasil está sendo fundamental no processo de diálogo entre os países para tentar encontrar uma caminho para redesenhar o cenário internacional”, afirmou. “O multilateralismo está sendo fortalecido nesses últimos dias e estamos corrigindo situações. Não há como redesenhar esse multilateralismo sem a presença de países como o Brasil.”
O G-20 é formado por 19 países ricos e emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos) e pela União Européia, que conta atualmente com 27 Estados-membros. O bloco foi criado após as crises dos anos 90. Porém, o G-20 nunca teve muita influência. Agora, quer ganhar o status de administração geral da globalização.
Ontem, o ministro das Finanças da Índia, Palaniappan Chidambaram, aproveitou um evento do Fórum Econômico Mundial em seu país para anunciar que o G-20 substituiria o G-7. “O G-7 reconheceu tardiamente que não tem a solução para todos os problemas”, afirmou o ministro. “O G-20 veio para ficar como o fórum mais importante para lidar com os assuntos econômicos e financeiros do mundo.”
RESISTÊNCIA
Na Europa, a resistência em anunciar a predominância do novo grupo é grande. O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, alertou há três dias que o G-20 não vai fazer sombra ao G-7 (grupo de países ricos). Também disse que, no bloco de países emergentes, a falta de democracia ainda impede que todos os temas sejam tratados pelo grupo mais amplo de países. “A partir de janeiro, teremos a presidência do G-7, que não será eclipsado pelo G-20”, disse Berlusconi. “Na realidade, certos problemas precisam ser discutidos por países que são democracias plenas, enquanto outros no G-20 ainda estão no caminho da democracia”, afirmou Berlusconi.
Para Ban, o G-20 também não deve ser o único fórum a tratar dos assuntos globais. A ONU teme que o grupo acabe se transformando no gestor da globalização, colocando de lado a entidade e 170 países que não estão representados no bloco.
Antes da cúpula de Washington, Ban Ki-Moon fez gestões diplomáticas para tentar garantir que o evento ocorresse pelo menos dentro da ONU. Mas não teve sucesso e agora teme ser ignorado.
Mesmo assim, o chefe da diplomacia da ONU admite que será a participação dos países emergentes que poderá dar um maior equilíbrio à gestão da globalização. “O Brasil, por exemplo, lutou muito em Washington para conseguir um compromisso de todos para que haja um acordo comercial até o fim do ano e para que medidas protecionistas não agravem a situação internacional. Esse tipo de participação é positiva e demonstra as novas lideranças”, afirmou o secretário-geral.
Ele quer agora esse mesmo compromisso em outras áreas. “Os países emergentes agora precisam também participar plenamente de temas como mudanças climáticas. A constatação de todos é que esses governos hoje são centrais no debate de qualquer tema de dimensão global”, disse Ban.
Para ele, a crise financeira internacional não pode ser argumento para frear a luta contra a fome e mudanças climáticas. Uma das soluções, segundo Ban, seria investir em “tecnologias verdes”. Isso criaria postos de emprego num momento de crise e mudaria o padrão de consumo de energia da economia mundial.
Já sobre uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para passar a incluir novos membros entre seus atores permanentes e com direito de veto, as Nações Unidas mantêm uma postura discreta. A versão oficial é de que cabe aos governos, e não a Ban Ki-Moon, dar uma solução ao debate que já dura quase 15 anos, sem resultados.
O Brasil quer a ampliação do órgão para que um lugar permanente seja destinado à América Latina e outro à África. O governo ainda defende a inclusão de Japão, Alemanha e Índia no grupo, que conta apenas com Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia.
'Brasil tem sido fundamental no diálogo entre os países'
19/11/2008
Jamil Chade, Genebra
Para secretário da ONU, emergentes devem participar das decisões globais
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, alerta: depois da reunião do G-20 em Washington no último fim de semana, não há mais como tomar decisões internacionais sem os países emergentes e sem o Brasil. “O mundo está mudando, e essa mudança inclui a participação dos países emergentes”, disse Ban em entrevista ao Estado ontem em Genebra. A crise, segundo ele, está exigindo a participação de todos num processo de reforma. Mas o secretário-geral ainda evita falar sobre uma ampliação do Conselho de Segurança da ONU, uma das principais reivindicações da política externa brasileira, que continua sem ser atendida.
“O Brasil está sendo fundamental no processo de diálogo entre os países para tentar encontrar uma caminho para redesenhar o cenário internacional”, afirmou. “O multilateralismo está sendo fortalecido nesses últimos dias e estamos corrigindo situações. Não há como redesenhar esse multilateralismo sem a presença de países como o Brasil.”
O G-20 é formado por 19 países ricos e emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos) e pela União Européia, que conta atualmente com 27 Estados-membros. O bloco foi criado após as crises dos anos 90. Porém, o G-20 nunca teve muita influência. Agora, quer ganhar o status de administração geral da globalização.
Ontem, o ministro das Finanças da Índia, Palaniappan Chidambaram, aproveitou um evento do Fórum Econômico Mundial em seu país para anunciar que o G-20 substituiria o G-7. “O G-7 reconheceu tardiamente que não tem a solução para todos os problemas”, afirmou o ministro. “O G-20 veio para ficar como o fórum mais importante para lidar com os assuntos econômicos e financeiros do mundo.”
RESISTÊNCIA
Na Europa, a resistência em anunciar a predominância do novo grupo é grande. O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, alertou há três dias que o G-20 não vai fazer sombra ao G-7 (grupo de países ricos). Também disse que, no bloco de países emergentes, a falta de democracia ainda impede que todos os temas sejam tratados pelo grupo mais amplo de países. “A partir de janeiro, teremos a presidência do G-7, que não será eclipsado pelo G-20”, disse Berlusconi. “Na realidade, certos problemas precisam ser discutidos por países que são democracias plenas, enquanto outros no G-20 ainda estão no caminho da democracia”, afirmou Berlusconi.
Para Ban, o G-20 também não deve ser o único fórum a tratar dos assuntos globais. A ONU teme que o grupo acabe se transformando no gestor da globalização, colocando de lado a entidade e 170 países que não estão representados no bloco.
Antes da cúpula de Washington, Ban Ki-Moon fez gestões diplomáticas para tentar garantir que o evento ocorresse pelo menos dentro da ONU. Mas não teve sucesso e agora teme ser ignorado.
Mesmo assim, o chefe da diplomacia da ONU admite que será a participação dos países emergentes que poderá dar um maior equilíbrio à gestão da globalização. “O Brasil, por exemplo, lutou muito em Washington para conseguir um compromisso de todos para que haja um acordo comercial até o fim do ano e para que medidas protecionistas não agravem a situação internacional. Esse tipo de participação é positiva e demonstra as novas lideranças”, afirmou o secretário-geral.
Ele quer agora esse mesmo compromisso em outras áreas. “Os países emergentes agora precisam também participar plenamente de temas como mudanças climáticas. A constatação de todos é que esses governos hoje são centrais no debate de qualquer tema de dimensão global”, disse Ban.
Para ele, a crise financeira internacional não pode ser argumento para frear a luta contra a fome e mudanças climáticas. Uma das soluções, segundo Ban, seria investir em “tecnologias verdes”. Isso criaria postos de emprego num momento de crise e mudaria o padrão de consumo de energia da economia mundial.
Já sobre uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para passar a incluir novos membros entre seus atores permanentes e com direito de veto, as Nações Unidas mantêm uma postura discreta. A versão oficial é de que cabe aos governos, e não a Ban Ki-Moon, dar uma solução ao debate que já dura quase 15 anos, sem resultados.
O Brasil quer a ampliação do órgão para que um lugar permanente seja destinado à América Latina e outro à África. O governo ainda defende a inclusão de Japão, Alemanha e Índia no grupo, que conta apenas com Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia.
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