Folha de São Paulo
06/04/2009
da redação
Ante multidão na capital tcheca, líder americano divulga plano ambicioso contra proliferação de arsenal atômico
Evocando "dever moral" dos EUA, presidente diz que país cumprirá tratado e ratificará documento que veta testes
No discurso em que criticou o lançamento do foguete pela Coreia do Norte, o presidente americano, Barack Obama, afirmou ontem em Praga, na República Tcheca, ser "responsabilidade moral" dos EUA liderar os esforços para criar um mundo sem armas nucleares.
A declaração de Obama, feita a 20 mil pessoas durante evento da União Europeia, é o plano mais ambicioso dos EUA para a questão desde que Ronald Reagan (1981-1989), em 1986, propôs ao então líder da URSS, Mikhail Gorbachov, eliminar armas nucleares num encontro privado.
A proposta do presidente americano, que tem o respaldo de ex-secretário de Estado Henry Kissinger, está baseada em três promessas. Em primeiro lugar, Obama disse que os EUA cumprirão as duas obrigações do Tratado de Não Proliferação Nuclear, de 1968 -o texto consagrou o status de potência nuclear dos cinco integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mas os obrigou a trabalhar pelo fim das armas nucleares.
Tanto a Coreia do Norte como o Irã frequentemente citam a hipocrisia dos países ao lidar com o tratado como justificativa para desenvolver seus próprios programas nucleares.
"Alguns dizem que a propagação dessas armas não pode ser detida. Esse fatalismo é um adversário mortal", disse.
Funcionários da Casa Branca afirmam que o discurso é mais do que uma demonstração do idealismo. Defendem que seu objetivo pragmático é reforçar a posição dos EUA no CS, onde Rússia e China têm barrado a aprovação de punições mais duras para o Irã.
Obama também prometeu promover de maneira "imediata e agressiva" a ratificação, pelo Senado americano, do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares. Bill Clinton (1993-2001) não conseguiu aprová-lo no Congresso nos anos 90 e George W. Bush (2001-2009) declarou que o acordo violaria a soberania americana.
Em terceiro lugar, Obama propôs um tratado para acabar com a produção de material físsil que abarcaria os países que possuem armas nucleares não signatários do tratado de não proliferação, como Índia, Paquistão e Israel. Pregou a criação de um banco para fornecer combustível nuclear civil aos países que aderirem ao tratado e uma ofensiva para impedir que material nuclear chegue a grupos terroristas.
Muitas das propostas, porém, devem acabar ofuscadas pela anúncio de Obama de que seu governo manterá o projeto de instalar o escudo antimísseis na República Tcheca e na Polônia. Obama insistiu que será um sistema defensivo para barrar um eventual ataque iraniano, e não um gesto hostil em direção a Rússia. A Polônia e a República Tcheca haviam demonstrado apreensão ante a possibilidade de Obama abandonar o programa ao reaproximar-se de Moscou.
Com "Financial Times" e agências internacionais
Ante multidão na capital tcheca, líder americano divulga plano ambicioso contra proliferação de arsenal atômico
Evocando "dever moral" dos EUA, presidente diz que país cumprirá tratado e ratificará documento que veta testes
No discurso em que criticou o lançamento do foguete pela Coreia do Norte, o presidente americano, Barack Obama, afirmou ontem em Praga, na República Tcheca, ser "responsabilidade moral" dos EUA liderar os esforços para criar um mundo sem armas nucleares.
A declaração de Obama, feita a 20 mil pessoas durante evento da União Europeia, é o plano mais ambicioso dos EUA para a questão desde que Ronald Reagan (1981-1989), em 1986, propôs ao então líder da URSS, Mikhail Gorbachov, eliminar armas nucleares num encontro privado.
A proposta do presidente americano, que tem o respaldo de ex-secretário de Estado Henry Kissinger, está baseada em três promessas. Em primeiro lugar, Obama disse que os EUA cumprirão as duas obrigações do Tratado de Não Proliferação Nuclear, de 1968 -o texto consagrou o status de potência nuclear dos cinco integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mas os obrigou a trabalhar pelo fim das armas nucleares.
Tanto a Coreia do Norte como o Irã frequentemente citam a hipocrisia dos países ao lidar com o tratado como justificativa para desenvolver seus próprios programas nucleares.
"Alguns dizem que a propagação dessas armas não pode ser detida. Esse fatalismo é um adversário mortal", disse.
Funcionários da Casa Branca afirmam que o discurso é mais do que uma demonstração do idealismo. Defendem que seu objetivo pragmático é reforçar a posição dos EUA no CS, onde Rússia e China têm barrado a aprovação de punições mais duras para o Irã.
Obama também prometeu promover de maneira "imediata e agressiva" a ratificação, pelo Senado americano, do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares. Bill Clinton (1993-2001) não conseguiu aprová-lo no Congresso nos anos 90 e George W. Bush (2001-2009) declarou que o acordo violaria a soberania americana.
Em terceiro lugar, Obama propôs um tratado para acabar com a produção de material físsil que abarcaria os países que possuem armas nucleares não signatários do tratado de não proliferação, como Índia, Paquistão e Israel. Pregou a criação de um banco para fornecer combustível nuclear civil aos países que aderirem ao tratado e uma ofensiva para impedir que material nuclear chegue a grupos terroristas.
Muitas das propostas, porém, devem acabar ofuscadas pela anúncio de Obama de que seu governo manterá o projeto de instalar o escudo antimísseis na República Tcheca e na Polônia. Obama insistiu que será um sistema defensivo para barrar um eventual ataque iraniano, e não um gesto hostil em direção a Rússia. A Polônia e a República Tcheca haviam demonstrado apreensão ante a possibilidade de Obama abandonar o programa ao reaproximar-se de Moscou.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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