sábado, 25 de abril de 2009

Brasileiro quer negros na diplomacia

Folha de São Paulo

25/04/2009
Marcelo Ninio, de Genebra

O Brasil precisa ampliar seu quadro de diplomatas negros, hoje irrisório. Não apenas para projetar uma imagem mais fiel de si mesmo, mas como interesse estratégico, afirma o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. "Isso facilitaria nossa aproximação com a África", diz Santos, que chefiou a delegação brasileira na conferência contra o racismo.
O ministro comparou o baixo número de negros no Itamaraty à situação da Câmara dos Deputados, onde ele é deputado licenciado (PT-RJ). "São alguns pontinhos negros num universo branco", disse.
Desde 2002 o Itamaraty oferece bolsas para afrodescendentes interessados na carreira diplomática, mas apenas 11 foram admitidos desde então.
Edson Santos, que é negro, contou que muitos delegados na conferência se surpreenderam ao saber que o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. "É uma espécie de população invisível."
O ministro não é o único que acha que o Itamaraty reflete uma imagem que não corresponde à realidade do país. Ativistas da sociedade civil que integraram a delegação brasileira fizeram cobranças ao governo: "Dissemos ao ministro que queremos viver nesse Brasil que o Itamaraty divulga pelo mundo", disse Iradj Roberto Eghrari, escolhido como um dos relatores da conferência da ONU.
Santos explicou que a crise financeira limita sua ação. A Seppir (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial), disse, teve o seu orçamento de 2009 cortado em 65%, para US$ 12 milhões.
Hoje chega ao Brasil o presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Martin Ihoeghian Uhomoibhi, da Nigéria. Ele visitará projetos sociais em Manaus, Salvador e Rio de Janeiro. Segundo a ONU, todas as despesas serão pagas pelo governo brasileiro.

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