Jornal do Brasil
02/04/2009
Claudia Bozzo
Secretário-adjunto para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon fala sobre Trinidad e Tobago
SÃO PAULO
O secretário-adjunto de Estado americano para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, concedeu uma entrevista em São Paulo sobre a próxima Cúpula das Américas, que será realizada em Trinidad Tobago, de 17 a 19 de abril.
O encontro, que reúne 34 líderes de "países democraticamente eleitos" marcará a presença do presidente Barack Obama em seu primeiro encontro com países da América Latina, o que "enriquecerá nosso relacionamento ", acredita o secretário.
Para Shannon, o que se verá a partir da reunião do G-20, em Londres – que deve se estender à cúpula de Trinidad Tobago – é a constatação de que as crises geram oportunidades, além de se ter "o início de um novo tipo de diálogo entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento, com lugar para uma participação muito positiva do Brasil, do México e da Argentina".
– Vemos agora que as crises econômicas não são geradas nos países em desenvolvimento – afirmou, antes de brigar sobre o "papel de uma pessoa loira de olhos azuis", que não tem certeza de concordar "tanto assim" com as declarações do presidente Lula, sobre os culpados pela crise.
Ao falar sobre relações dos EUA com a América Latina, Shannon discordou da idéia de que o país tenha perdido influência na região:
– O que mudou foi a natureza dessa influência, pois mudou a natureza de nossos parceiros – observou. – Vimos na última década ou mais, a emergência de países como o Brasil, não só como potência regional, mas sim global. A democracia consolidou-se, houve a adesão às reformas e economias de mercado, um importante processo de integração e o engajamento na globalização.
Em temas como a suspensão do embargo a Cuba, ou o relacionamento entre EUA e Venezuela, o secretário não prevê grandes mudanças. Quando lhe perguntaram se concorda com a opinião do presidente Luis Inácio Lula da Silva, de que os EUA têm um discurso ambíguo em relação às energias renováveis, que inclui a imposição de elevadas tarifas sobre o etanol brasileiro, ele respondeu que os EUA deixaram evidente que têm um "claro compromisso com uma política ambiental não-poluente e energias renováveis".
– Investimos bilhões de dólares em pesquisas e desenvolvemos no setor um importante relacionamento com o Brasil, especialmente na área de biocombustíveis. E esse é um aspecto muito importante de nosso relacionamento, que obviamente aprofundaremos.
Shannon observa, porém, que "como em qualquer economia, existem contradições e a questão das taxas e dos subsídios ao etanol de milho fazem parte de um programa de longo prazo de desenvolvimento de biocombustíveis".
– Espero que no desenvolvimento de nosso diálogo com o Brasil nesse campo, o Congresso americano perceba que é necessária nova postura em relação ao tema.
Reunião
O encontro em Trinidad e Tobago terá como tema "Garantir o futuro de nossos cidadãos pela promoção da prosperidade humana, segurança energética e sustentabilidade ambiental", a partir dos desafios apresentados ao hemisfério, principalmente em um cenário econômico tão adverso.
Os países presentes são: Antigua e Barbuda, Guiana, Argentina, Haiti, Barbados, Jamaica, Belize, México, Bolívia Nicarágua, Brasil Panamá, Canadá Paraguai Chile Peru, Colômbia, St. Kitis & Nevis, Costa Rica, Santa Lucia, Dominica, St. Vincent & Grenadines, República Dominicana, Suriname, Equador, Trinidad Tobago, El Salvador, Estados Unidos, Granada, Uruguai, Guatemala e Venezuela.
Dentre outros temas de conflito que certamente constarão dos debates estão a Venezuela, que no momento está sem um embaixador americano, pois o governo de Hugo Chávez determinou a expulsão do diplomata; a questão boliviana, que determinou a saída da Agência de Combate as Drogas americana (DEA, na sigla em inglês) do país; e o problema do combate à violência e ao tráfico de drogas e armas na fronteira com o México.
Shannon informou ainda que a administração Obama está analisando a viabilidade do muro que os EUA estavam construindo na fronteira com o México, como a secretária de Estado Hillary Clinton fez questão de deixar claro em sua recente viagem ao México.
Secretário-adjunto para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon fala sobre Trinidad e Tobago
SÃO PAULO
O secretário-adjunto de Estado americano para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, concedeu uma entrevista em São Paulo sobre a próxima Cúpula das Américas, que será realizada em Trinidad Tobago, de 17 a 19 de abril.
O encontro, que reúne 34 líderes de "países democraticamente eleitos" marcará a presença do presidente Barack Obama em seu primeiro encontro com países da América Latina, o que "enriquecerá nosso relacionamento ", acredita o secretário.
Para Shannon, o que se verá a partir da reunião do G-20, em Londres – que deve se estender à cúpula de Trinidad Tobago – é a constatação de que as crises geram oportunidades, além de se ter "o início de um novo tipo de diálogo entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento, com lugar para uma participação muito positiva do Brasil, do México e da Argentina".
– Vemos agora que as crises econômicas não são geradas nos países em desenvolvimento – afirmou, antes de brigar sobre o "papel de uma pessoa loira de olhos azuis", que não tem certeza de concordar "tanto assim" com as declarações do presidente Lula, sobre os culpados pela crise.
Ao falar sobre relações dos EUA com a América Latina, Shannon discordou da idéia de que o país tenha perdido influência na região:
– O que mudou foi a natureza dessa influência, pois mudou a natureza de nossos parceiros – observou. – Vimos na última década ou mais, a emergência de países como o Brasil, não só como potência regional, mas sim global. A democracia consolidou-se, houve a adesão às reformas e economias de mercado, um importante processo de integração e o engajamento na globalização.
Em temas como a suspensão do embargo a Cuba, ou o relacionamento entre EUA e Venezuela, o secretário não prevê grandes mudanças. Quando lhe perguntaram se concorda com a opinião do presidente Luis Inácio Lula da Silva, de que os EUA têm um discurso ambíguo em relação às energias renováveis, que inclui a imposição de elevadas tarifas sobre o etanol brasileiro, ele respondeu que os EUA deixaram evidente que têm um "claro compromisso com uma política ambiental não-poluente e energias renováveis".
– Investimos bilhões de dólares em pesquisas e desenvolvemos no setor um importante relacionamento com o Brasil, especialmente na área de biocombustíveis. E esse é um aspecto muito importante de nosso relacionamento, que obviamente aprofundaremos.
Shannon observa, porém, que "como em qualquer economia, existem contradições e a questão das taxas e dos subsídios ao etanol de milho fazem parte de um programa de longo prazo de desenvolvimento de biocombustíveis".
– Espero que no desenvolvimento de nosso diálogo com o Brasil nesse campo, o Congresso americano perceba que é necessária nova postura em relação ao tema.
Reunião
O encontro em Trinidad e Tobago terá como tema "Garantir o futuro de nossos cidadãos pela promoção da prosperidade humana, segurança energética e sustentabilidade ambiental", a partir dos desafios apresentados ao hemisfério, principalmente em um cenário econômico tão adverso.
Os países presentes são: Antigua e Barbuda, Guiana, Argentina, Haiti, Barbados, Jamaica, Belize, México, Bolívia Nicarágua, Brasil Panamá, Canadá Paraguai Chile Peru, Colômbia, St. Kitis & Nevis, Costa Rica, Santa Lucia, Dominica, St. Vincent & Grenadines, República Dominicana, Suriname, Equador, Trinidad Tobago, El Salvador, Estados Unidos, Granada, Uruguai, Guatemala e Venezuela.
Dentre outros temas de conflito que certamente constarão dos debates estão a Venezuela, que no momento está sem um embaixador americano, pois o governo de Hugo Chávez determinou a expulsão do diplomata; a questão boliviana, que determinou a saída da Agência de Combate as Drogas americana (DEA, na sigla em inglês) do país; e o problema do combate à violência e ao tráfico de drogas e armas na fronteira com o México.
Shannon informou ainda que a administração Obama está analisando a viabilidade do muro que os EUA estavam construindo na fronteira com o México, como a secretária de Estado Hillary Clinton fez questão de deixar claro em sua recente viagem ao México.
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