O Estado de São Paulo
02/04/2009
Jamil Chade
A declaração final da cúpula entre países árabes e sul-americanos - realizada na terça-feira em Doha, Catar - cita apenas uma vez a palavra democracia e, mesmo assim, apenas de forma marginal, quando os governos tocam no tema dos direitos humanos. "Reiteramos a importância fundamental dada por nossos governos à proteção e promoção dos direitos humanos, sua universalidade, indivisibilidade e interdependência, que são pedras angulares da democracia", afirma o texto, assinado pelos participantes.
Diplomatas argentinos disseram ao Estado que os sul-americanos tentaram incluir o tema de outras formas, mas ele foi rejeitado pelos árabes. Países como a Arábia Saudita, Catar e Líbia dificilmente poderiam ser classificados como democracias.
O evento, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acabou se transformando em fonte de constrangimento para vários líderes sul-americanos. Lula retirou-se diplomaticamente do almoço oficial ao ver que estava sentado ao lado do presidente do Sudão, Omar al-Bashir, indiciado por crimes de guerra. A argentina Cristina Kirchner também não escondeu o mal-estar com a presença do sudanês.
A cúpula mostrou as diferenças entre as duas regiões. Com 20 anos de luta pró-democracia, diplomatas sul-americanos que percorriam Doha ontem admitiam que, embora considerem fundamental a aproximação das duas regiões, se sentiram "incomodados".
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