O Globo
20/04/2009
Obama critica esboço da declaração por antissemitismo e abandona evento da ONU junto com mais sete países
GENEBRA. As Nações Unidas abrem hoje sua primeira conferência sobre racismo depois de oito anos com pelo menos sete países, incluindo os Estados Unidos, boicotando o evento por temores de que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e outros líderes islâmicos transformem o encontro numa plataforma contra Israel e a liberdade de expressão.
Alemanha, Austrália, Holanda, Itália, Israel, Nova Zelândia e Canadá anunciaram que também não participarão do encontro, esvaziando a conferência que tem por objetivo rever o progresso alcançado no combate ao racismo desde a realização de um fórum na África do Sul, em 2001.
Além disso, a reunião tinha por intenção curar as feridas abertas durante o encontro de 2001, abandonado por Estados Unidos e Israel depois que países árabes tentaram definir o sionismo como uma forma de racismo. Mas o resultado acabou sendo o contrário por causa do esboço da declaração conjunta. Para os EUA, o texto repete a postura discriminatória em relação a Israel adotada na África do Sul, apesar de omitir referências sobre o país e sobre o Oriente Médio.
Os Estados Unidos não participaram da preparação do controverso texto. Representantes europeus fizeram parte das discussões, mas mostraram objeções durante todo o processo.
Os EUA anunciaram a saída no sábado, citando linguagem “repreensível” no rascunho de declaração preparado por meses antes do evento de Genebra, que terá Ahmadinejad discursando no dia de abertura.
Austrália, Holanda, Itália e Alemanha fizeram o mesmo no domingo. Israel e Canadá já haviam anunciado anteriormente o boicote.
"Adoraria estar envolvido numa conferência útil" De Trinidad e Tobago, onde par ticipava da Cúpula das Américas, o presidente americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos queriam que o texto fosse “passado a limpo” antes de o país participar de discussões sobre raça e discriminação na ONU.
— Adoraria estar envolvido numa conferência útil que tratasse das constantes questões ligadas ao racismo e à discriminação ao redor do mundo — disse Obama, fazendo em seguida uma referência sobre Israel. — Expressamos nossas preocupações sobre o uso da linguagem adotada em 2001. Isso é algo de que não podemos ser signatários.
Seu governo disse que não endossaria nenhuma declaração que discriminasse Israel ou que incluísse passagens pedindo a proibição de linguagem considerada como “instigadora” do ódio religioso.
Muitos países muçulmanos defendem uma restrição à liberdade de expressão para evitar o que consideram ser insultos ao Islã, como as charges sobre o profeta Maomé publicadas por um jornal dinamarquês em 2005, gerando uma onda de protestos no mundo árabe.
Bento XVI defende realização de encontro A Austrália disse que compartilhava dos temores dos EUA sobre a declaração.
— Lamentavelmente, não podemos ter confiança de que a conferência não vá ser usada mais uma vez como plataforma de posições ofensivas, incluindo visões antissemitas — disse o primeiro-ministro Australiano, Stephen Smith.
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, FrankWalter Steinmeier, disse que “a decisão não foi fácil”: — Mas governo acha que, apesar de esforços intensos, especialmente por parte da União Europeia, a conferência vai ser usada de forma inapropriada por outros interesses, exatamente como foi a anterior.
Já o Papa Bento XVI defendeu a realização do encontro, dizendo ser uma oportunidade para lutar contra discriminação e intolerância.
— Pedimos ações firmes e consistentes, em níveis nacionais e internacionais, para prevenir e eliminar qualquer forma de discriminação e intolerância.
Grupos de direitos humanos disseram que, sem a presença de líderes ocidentais, a declaração possivelmente não será ratificada e poderá ser reaberta para negociação durante a conferência
20/04/2009
Obama critica esboço da declaração por antissemitismo e abandona evento da ONU junto com mais sete países
GENEBRA. As Nações Unidas abrem hoje sua primeira conferência sobre racismo depois de oito anos com pelo menos sete países, incluindo os Estados Unidos, boicotando o evento por temores de que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e outros líderes islâmicos transformem o encontro numa plataforma contra Israel e a liberdade de expressão.
Alemanha, Austrália, Holanda, Itália, Israel, Nova Zelândia e Canadá anunciaram que também não participarão do encontro, esvaziando a conferência que tem por objetivo rever o progresso alcançado no combate ao racismo desde a realização de um fórum na África do Sul, em 2001.
Além disso, a reunião tinha por intenção curar as feridas abertas durante o encontro de 2001, abandonado por Estados Unidos e Israel depois que países árabes tentaram definir o sionismo como uma forma de racismo. Mas o resultado acabou sendo o contrário por causa do esboço da declaração conjunta. Para os EUA, o texto repete a postura discriminatória em relação a Israel adotada na África do Sul, apesar de omitir referências sobre o país e sobre o Oriente Médio.
Os Estados Unidos não participaram da preparação do controverso texto. Representantes europeus fizeram parte das discussões, mas mostraram objeções durante todo o processo.
Os EUA anunciaram a saída no sábado, citando linguagem “repreensível” no rascunho de declaração preparado por meses antes do evento de Genebra, que terá Ahmadinejad discursando no dia de abertura.
Austrália, Holanda, Itália e Alemanha fizeram o mesmo no domingo. Israel e Canadá já haviam anunciado anteriormente o boicote.
"Adoraria estar envolvido numa conferência útil" De Trinidad e Tobago, onde par ticipava da Cúpula das Américas, o presidente americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos queriam que o texto fosse “passado a limpo” antes de o país participar de discussões sobre raça e discriminação na ONU.
— Adoraria estar envolvido numa conferência útil que tratasse das constantes questões ligadas ao racismo e à discriminação ao redor do mundo — disse Obama, fazendo em seguida uma referência sobre Israel. — Expressamos nossas preocupações sobre o uso da linguagem adotada em 2001. Isso é algo de que não podemos ser signatários.
Seu governo disse que não endossaria nenhuma declaração que discriminasse Israel ou que incluísse passagens pedindo a proibição de linguagem considerada como “instigadora” do ódio religioso.
Muitos países muçulmanos defendem uma restrição à liberdade de expressão para evitar o que consideram ser insultos ao Islã, como as charges sobre o profeta Maomé publicadas por um jornal dinamarquês em 2005, gerando uma onda de protestos no mundo árabe.
Bento XVI defende realização de encontro A Austrália disse que compartilhava dos temores dos EUA sobre a declaração.
— Lamentavelmente, não podemos ter confiança de que a conferência não vá ser usada mais uma vez como plataforma de posições ofensivas, incluindo visões antissemitas — disse o primeiro-ministro Australiano, Stephen Smith.
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, FrankWalter Steinmeier, disse que “a decisão não foi fácil”: — Mas governo acha que, apesar de esforços intensos, especialmente por parte da União Europeia, a conferência vai ser usada de forma inapropriada por outros interesses, exatamente como foi a anterior.
Já o Papa Bento XVI defendeu a realização do encontro, dizendo ser uma oportunidade para lutar contra discriminação e intolerância.
— Pedimos ações firmes e consistentes, em níveis nacionais e internacionais, para prevenir e eliminar qualquer forma de discriminação e intolerância.
Grupos de direitos humanos disseram que, sem a presença de líderes ocidentais, a declaração possivelmente não será ratificada e poderá ser reaberta para negociação durante a conferência
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