Folha de São Paulo
17/04/2009
Obama tem a chance de acabar com embargo a Cuba e permitir que agenda regional evolua para temas relevantes
COMEÇA HOJE , em Trinidad e Tobago, a 5ª Cúpula das Américas. O fórum, criado em 1994, reunirá até domingo 34 líderes para discutir temas como reformas econômicas, energia renovável, segurança pública e a luta contra o tráfico de drogas.
Não é nessa pauta que se concentrarão, entretanto, as atenções dos líderes. As expectativas se voltam para a estreia do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na diplomacia direta da região.
Entre suas movimentações preliminares, o democrata marcou um encontro, no sábado, com representantes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), entidade criada por iniciativa de Brasil, Argentina, Chile e Venezuela como contraponto à influência americana. O estilo conciliador do presidente americano, já esboçado nas relações com o Irã e a Rússia, tende a esvaziar o discurso antiamericano de líderes populistas como Hugo Chávez e Evo Morales.
Para distender as relações de seu país com a América Latina, Obama se escora no presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma forma quase ostensiva. Depois das mesuras no encontro do G20, em Londres no início deste mês, afirmou, em entrevista à rede CNN, ontem, que deseja ser "parceiro" do brasileiro.
A estratégia obamista também abrange a tentativa de mudar a abordagem histórica entre Washington e a ditadura cubana, fonte de atrito constante para os EUA na região. Cuba é o único país americano excluído da cúpula. O Brasil talvez possa ajudar, sem ser decisivo, na interlocução com o regime dos Castro.
Simbolicamente, Obama cumpriu nesta semana, que antecede a cúpula regional, sua promessa de abolir a restrição a viagens e remessas de dinheiro de cubano-americanos para a ilha caribenha. Mas tem sido cauteloso ao lidar com o tema do embargo, muito sensível para uma parcela, cada vez mais restrita, do eleitorado americano.
O presidente Obama deveria aproveitar o momento e eliminar essa hipócrita restrição comercial de 47 anos, que só faz aumentar a coesão do regime, enquanto castiga a população cubana. Com 11 milhões de habitantes e um PIB de US$ 55 bilhões, comparável ao do Equador, Cuba tem importância econômica negligenciável na América Latina. Seu peso geoestratégico esvaiu-se há duas décadas, com o fim da Guerra Fria.
Comércio, infraestrutura, energia, imigração, cooperação contra o narcotráfico são os temas que realmente importam no continente. Mas, para que a agenda possa avançar com maior velocidade, é preciso que os EUA encerrem de vez o contencioso com Cuba -o que não implica abrir mão, evidentemente, de condenar as violações sistemáticas aos direitos humanos patrocinadas pela ditadura cubana.
COMEÇA HOJE , em Trinidad e Tobago, a 5ª Cúpula das Américas. O fórum, criado em 1994, reunirá até domingo 34 líderes para discutir temas como reformas econômicas, energia renovável, segurança pública e a luta contra o tráfico de drogas.
Não é nessa pauta que se concentrarão, entretanto, as atenções dos líderes. As expectativas se voltam para a estreia do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na diplomacia direta da região.
Entre suas movimentações preliminares, o democrata marcou um encontro, no sábado, com representantes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), entidade criada por iniciativa de Brasil, Argentina, Chile e Venezuela como contraponto à influência americana. O estilo conciliador do presidente americano, já esboçado nas relações com o Irã e a Rússia, tende a esvaziar o discurso antiamericano de líderes populistas como Hugo Chávez e Evo Morales.
Para distender as relações de seu país com a América Latina, Obama se escora no presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma forma quase ostensiva. Depois das mesuras no encontro do G20, em Londres no início deste mês, afirmou, em entrevista à rede CNN, ontem, que deseja ser "parceiro" do brasileiro.
A estratégia obamista também abrange a tentativa de mudar a abordagem histórica entre Washington e a ditadura cubana, fonte de atrito constante para os EUA na região. Cuba é o único país americano excluído da cúpula. O Brasil talvez possa ajudar, sem ser decisivo, na interlocução com o regime dos Castro.
Simbolicamente, Obama cumpriu nesta semana, que antecede a cúpula regional, sua promessa de abolir a restrição a viagens e remessas de dinheiro de cubano-americanos para a ilha caribenha. Mas tem sido cauteloso ao lidar com o tema do embargo, muito sensível para uma parcela, cada vez mais restrita, do eleitorado americano.
O presidente Obama deveria aproveitar o momento e eliminar essa hipócrita restrição comercial de 47 anos, que só faz aumentar a coesão do regime, enquanto castiga a população cubana. Com 11 milhões de habitantes e um PIB de US$ 55 bilhões, comparável ao do Equador, Cuba tem importância econômica negligenciável na América Latina. Seu peso geoestratégico esvaiu-se há duas décadas, com o fim da Guerra Fria.
Comércio, infraestrutura, energia, imigração, cooperação contra o narcotráfico são os temas que realmente importam no continente. Mas, para que a agenda possa avançar com maior velocidade, é preciso que os EUA encerrem de vez o contencioso com Cuba -o que não implica abrir mão, evidentemente, de condenar as violações sistemáticas aos direitos humanos patrocinadas pela ditadura cubana.
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