O Globo
23/09/2009
Ricardo Galhardo
Presidente deposto nega acordo prévio com o Brasil e diz que escolheu o país pela identidade democrática de Lula
Refugiado há dois dias na embaixada do Brasil em Honduras, o presidente deposto Manuel Zelaya disse ao GLOBO, por telefone, que escolheu a representação brasileira devido ao caráter democrático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um amigo de Honduras, segundo ele. Zelaya negou que tenha acertado a estratégia durante sua visita ao Brasil, no dia 12 de agosto. Ele aproveitou para pedir uma ação mais enérgica dos organismos internacionais contra o governo golpista.
Ricardo Galhardo
O GLOBO: Como está a situação na na Embaixada do Brasil? MANUEL ZELAYA: A situação é difícil porque os golpistas sequestraram o país e há um cerco militar à embaixada.
Tem havido muita violência desde sua volta ao país, na segundafeira? ZELAYA: Na verdade, a violência começou no dia 28 de junho. Tem havido muitos assassinatos, raptos, torturas. Há informes da comissão de direitos humanos (da ONU). A violência tem uma preponderância muito forte em um regime militar provocado por um golpe de Estado.
Em que pé estão as negociações com o governo de facto para sua restituição ao poder? ZELAYA: Até o momento, não foi realizada nenhuma negociação.
Os golpistas responderam às minhas solicitações de diálogo com balas, bombas, mortes e ameaças às pessoas que estavam participando das manifestações de resistência.
As organizações internacionais como OEA têm ajudado? ZELAYA: Elas têm manifestado boas intenções, mas o que esperamos é que ajam com mais energia frente a esta situação de opressão ao povo hondurenho, já que os ataques são armados e violentos e estão criando demasiada repressão em Honduras.
Por que o senhor escolheu a Embaixada do Brasil? ZELAYA: Pela profunda identificação democrática do presidente Lula e pelo esforço que ele tem liderado para sustentar nosso país com muitos projetos. O presidente Lula é um amigo de Honduras.
l O abrigo na embaixada foi negociado com o presidente Lula durante sua última visita ao Brasil? ZELAYA: Não, não foi negociado.
Não dei conhecimento ao presidente Lula sobre essa situação. Isso foi decidido por mim assim que entrei aqui na capital de Honduras.
Nada foi acertado previamente com o Brasil.
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