Folha de S. Paulo
25/09/2009
Clóvis Rossi, enviado especial a Pittsburgh
G20 substitui FMI como fórum econômico
Se fórmula for aprovada pelos chefes de governo, grupo assumirá papel para discutir uma eventual nova política global O G20, por meio de seus ministros de Economia e presidentes de bancos centrais, assumirá o papel de fórum para a discussão de uma eventual nova política econômica global, capaz de corrigir os desequilíbrios que estiveram na origem da crise agora próxima de ser controlada.
Essa era a fórmula que estava praticamente definida ontem pelos negociadores do grupo das maiores economias do planeta para ser submetida aos chefes de governo que encerram hoje a terceira cúpula do clube em apenas dez meses.Foi a maneira encontrada para contornar a resistência de países como China e Alemanha à proposta norte-americana, que conferia ao FMI (Fundo Monetário Internacional) poderes praticamente de xerife para vigiar a adequação de políticas nacionais que tenham repercussão em outros países.
Na prática, significa que todos os países do G20 aceitam, com maior ou menor entusiasmo, a ideia de que os desequilíbrios que levaram a crise precisam ser enfrentados.Em resumo, o desequilíbrio está dado pelo excesso de exportações chinesas (mas também alemãs e japonesas) e pelo excesso de consumo norte-americano.
Críticas
Anteontem, o ministro chinês do Exterior já havia criticado a proposta de dar ao FMI amplos poderes até para impor parâmetros de política econômica e vigiar o respeito a eles.
Ontem, foi a vez da chanceler alemã, Angela Merkel: "Não se deve buscar temas substitutos de forma a deixar de lado a regulação do sistema financeiro", disparou.
Na verdade, o argumento central dos países que se opuseram ao projeto norte-americano é a soberania. A globalização não avançou o suficiente para que os Estados-nações entreguem fatias importantes de sua soberania a organismos multinacionais.
Por isso mesmo, a proposta que constava ontem do esboço de declaração final deixa para o FMI apenas o que já faz hoje, ou seja, a assessoria técnica.
Mesmo o G20 não terá músculos para impor políticas. Será um foro em que os ministros e presidentes de bancos centrais conversarão entre si sobre suas respectivas políticas econômicas, com atenção especial e reforçada sobre os efeitos que elas possam ter nos seus pares -e no resto do mundo, claro.
O texto preliminarmente acertado (mas que pode ser alterado pelos chefes de governo) "evitou que haja qualquer mecanismo intrusivo", na descrição obtida pela Folha com os negociadores.
Mesmo sem se tornar "intrusivo", o fato é que o G20 ganha, se a proposta acabar sendo aprovada, um novo selo de qualidade como gerente da economia global.
Tanto é assim que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, presidente de turno do G20 até o fim do ano, anunciou ontem que está deslocando sua ministra de Negócios, Shriti Vadera, para conselheira para o G20, "como parte do esforço para transformar o grupo em uma nova forma de governança global", segundo a avaliação feita pelo jornal "Financial Times".
Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, festeja: "Fica claro [com o novo papel do G20] que o G8 não é mais a instância que organiza o debate. Houve uma transferência de competências".Foi o Brasil -que não participa do G8, limitado aos sete países ricos mais a Rússia- que propôs que o G20 tivesse um "upgrade", passando de reunião de ministros e presidentes de bancos centrais para cúpulas de chefes de governo.
G20 substitui FMI como fórum econômico
Se fórmula for aprovada pelos chefes de governo, grupo assumirá papel para discutir uma eventual nova política global O G20, por meio de seus ministros de Economia e presidentes de bancos centrais, assumirá o papel de fórum para a discussão de uma eventual nova política econômica global, capaz de corrigir os desequilíbrios que estiveram na origem da crise agora próxima de ser controlada.
Essa era a fórmula que estava praticamente definida ontem pelos negociadores do grupo das maiores economias do planeta para ser submetida aos chefes de governo que encerram hoje a terceira cúpula do clube em apenas dez meses.Foi a maneira encontrada para contornar a resistência de países como China e Alemanha à proposta norte-americana, que conferia ao FMI (Fundo Monetário Internacional) poderes praticamente de xerife para vigiar a adequação de políticas nacionais que tenham repercussão em outros países.
Na prática, significa que todos os países do G20 aceitam, com maior ou menor entusiasmo, a ideia de que os desequilíbrios que levaram a crise precisam ser enfrentados.Em resumo, o desequilíbrio está dado pelo excesso de exportações chinesas (mas também alemãs e japonesas) e pelo excesso de consumo norte-americano.
Críticas
Anteontem, o ministro chinês do Exterior já havia criticado a proposta de dar ao FMI amplos poderes até para impor parâmetros de política econômica e vigiar o respeito a eles.
Ontem, foi a vez da chanceler alemã, Angela Merkel: "Não se deve buscar temas substitutos de forma a deixar de lado a regulação do sistema financeiro", disparou.
Na verdade, o argumento central dos países que se opuseram ao projeto norte-americano é a soberania. A globalização não avançou o suficiente para que os Estados-nações entreguem fatias importantes de sua soberania a organismos multinacionais.
Por isso mesmo, a proposta que constava ontem do esboço de declaração final deixa para o FMI apenas o que já faz hoje, ou seja, a assessoria técnica.
Mesmo o G20 não terá músculos para impor políticas. Será um foro em que os ministros e presidentes de bancos centrais conversarão entre si sobre suas respectivas políticas econômicas, com atenção especial e reforçada sobre os efeitos que elas possam ter nos seus pares -e no resto do mundo, claro.
O texto preliminarmente acertado (mas que pode ser alterado pelos chefes de governo) "evitou que haja qualquer mecanismo intrusivo", na descrição obtida pela Folha com os negociadores.
Mesmo sem se tornar "intrusivo", o fato é que o G20 ganha, se a proposta acabar sendo aprovada, um novo selo de qualidade como gerente da economia global.
Tanto é assim que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, presidente de turno do G20 até o fim do ano, anunciou ontem que está deslocando sua ministra de Negócios, Shriti Vadera, para conselheira para o G20, "como parte do esforço para transformar o grupo em uma nova forma de governança global", segundo a avaliação feita pelo jornal "Financial Times".
Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, festeja: "Fica claro [com o novo papel do G20] que o G8 não é mais a instância que organiza o debate. Houve uma transferência de competências".Foi o Brasil -que não participa do G8, limitado aos sete países ricos mais a Rússia- que propôs que o G20 tivesse um "upgrade", passando de reunião de ministros e presidentes de bancos centrais para cúpulas de chefes de governo.
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