O Jornal do Brasil do dia 1º de dezembro de 2008 publica entrevista concediada por Parag Khanna, sobre a nova ordem política global.
Poder configura nova balança global/Entrevista Parag Khanna
Formado pela School of Foreign Service da Universidade de Georgetown, em Washington, Parag Khanna tornou-se PhD em Relações Internacionais pela London School of Economics, trabalhou no Brookings Institution e foi conselheiro na campanha de Barack Obama. Atual diretor da Inciativa Governamental Global e pesquisador sênior do Programa de Estratégia Americana do think tank New America Foundation, Khanna analisa a transformação do inabalável poder americano sobre o mundo com a guerra no Iraque e o cenário com o qual o novo presidente americano terá de lidar, com uma equipada União Européia, a triunfante China e o crescimento silencioso do segundo mundo, em que o abismo entre ricos e pobres foi aprofundado com o processo de globalização.
Os EUA deixarão de ser potência? Qual país o substituiria?
Nenhum país substituirá a liderança americana, mas haverá outros líderes compartilhando-a. A Europa será um jogador diplomático dominante em seu território e também no Norte da África e no Leste europeu. Já a China será mais influente no Sudeste Asiático e na Ásia Central. Os EUA terão, cada vez mais, de consultar esses pólos regionais para alcançar seus objetivos.
Alianças militares, como a Otan, ainda são necessárias, como durante a Guerra Fria?
A Otan não é essencial para a estabilidade européia. Sua expansão alienou de tal forma a Rússia, que não vale o preço. A expansão da aliança não deveria acontecer. Agora a Otan é mais ativa no Afeganistão. Mas se falhar, como vem ocorrendo, haverá pouca razão para existir.
Como a instabilidade interna e a pouca idade de certas democracias influenciam em ser ou não potências?
Estamos passado por uma era complexa, em que fundamentos democráticos não são mais definidos de forma estrita. A China não é uma democracia e a União Européia sequer é um Estado. Às vezes a democracia não faz com que bons líderes sejam eleitos, mas no Brasil fez. Se o medo de um retrocesso democrático é grande, os líderes podem ter mais incentivo para trabalhar segundo o interesse público. Isso pode, inclusive, fortalecer o Estado, como aconteceu com o Brasil.
África e América Latina ainda são terceiro mundo? A união de países em bloco ajudaria a negociar com primeiro mundo?
América Latina está entre o terceiro mundo africano e a crescente prosperidade do Leste asiático. A América do Sul se beneficiará negociando em blocos como o Mercosul ou a Unasul. Mas mesmo sem blocos, latino-americanos deveriam investir mais uns nos outros, e em ligações de infra-estrutura e comércio para reforçar o mercado comum.
Atualmente, como geopolítica se confunde com globalização?
São dois lados da mesma moeda. Cada vez mais, veremos como globalização se parece com geopolítica, com nações se tornando protecionistas diante da crise, e a soberania baseada em riqueza mais influente.
Poder configura nova balança global/Entrevista Parag Khanna
Formado pela School of Foreign Service da Universidade de Georgetown, em Washington, Parag Khanna tornou-se PhD em Relações Internacionais pela London School of Economics, trabalhou no Brookings Institution e foi conselheiro na campanha de Barack Obama. Atual diretor da Inciativa Governamental Global e pesquisador sênior do Programa de Estratégia Americana do think tank New America Foundation, Khanna analisa a transformação do inabalável poder americano sobre o mundo com a guerra no Iraque e o cenário com o qual o novo presidente americano terá de lidar, com uma equipada União Européia, a triunfante China e o crescimento silencioso do segundo mundo, em que o abismo entre ricos e pobres foi aprofundado com o processo de globalização.
Os EUA deixarão de ser potência? Qual país o substituiria?
Nenhum país substituirá a liderança americana, mas haverá outros líderes compartilhando-a. A Europa será um jogador diplomático dominante em seu território e também no Norte da África e no Leste europeu. Já a China será mais influente no Sudeste Asiático e na Ásia Central. Os EUA terão, cada vez mais, de consultar esses pólos regionais para alcançar seus objetivos.
Alianças militares, como a Otan, ainda são necessárias, como durante a Guerra Fria?
A Otan não é essencial para a estabilidade européia. Sua expansão alienou de tal forma a Rússia, que não vale o preço. A expansão da aliança não deveria acontecer. Agora a Otan é mais ativa no Afeganistão. Mas se falhar, como vem ocorrendo, haverá pouca razão para existir.
Como a instabilidade interna e a pouca idade de certas democracias influenciam em ser ou não potências?
Estamos passado por uma era complexa, em que fundamentos democráticos não são mais definidos de forma estrita. A China não é uma democracia e a União Européia sequer é um Estado. Às vezes a democracia não faz com que bons líderes sejam eleitos, mas no Brasil fez. Se o medo de um retrocesso democrático é grande, os líderes podem ter mais incentivo para trabalhar segundo o interesse público. Isso pode, inclusive, fortalecer o Estado, como aconteceu com o Brasil.
África e América Latina ainda são terceiro mundo? A união de países em bloco ajudaria a negociar com primeiro mundo?
América Latina está entre o terceiro mundo africano e a crescente prosperidade do Leste asiático. A América do Sul se beneficiará negociando em blocos como o Mercosul ou a Unasul. Mas mesmo sem blocos, latino-americanos deveriam investir mais uns nos outros, e em ligações de infra-estrutura e comércio para reforçar o mercado comum.
Atualmente, como geopolítica se confunde com globalização?
São dois lados da mesma moeda. Cada vez mais, veremos como globalização se parece com geopolítica, com nações se tornando protecionistas diante da crise, e a soberania baseada em riqueza mais influente.
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