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Folha de São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009
entrevista
"Pretendemos continuar resistindo"
Marlon Santi, de 27 anos, assumiu em 2008 a presidência da Conaie. Natural da Província amazônica de Pastaza, onde cresceu combatendo a atividade de petrolíferas estrangeiras, ele falou à Folha por telefone. (CA)
FOLHA - Uma assembleia de organizações indígenas chamou o governo Correa de neoliberal e neocolonial. O sr. mantém essa posição?
MARLON SANTI - Claro. O governo manteve o modelo de desenvolvimento baseado em recursos naturais, sem respeitar os direitos dos povos indígenas. Nesse ponto é um governo neoliberal e é neocolonial por causa de programas assistencialistas para nossas comunidades, nefastos porque não desenvolvem a capacidade de gerar propostas.
FOLHA - O governo diz que a Conaie critica os programas de transferência de renda porque o dinheiro é entregue diretamente às pessoas.
SANTI - Não é isso. Os bônus [dados a comunidades que preservam a floresta e vegetação das serras] geram dependência e clientelismo. Defendemos que o desenvolvimento deve estar de acordo com planos que os povos indígenas apresentam a partir de sua cosmovisão, respeitando a mãe Terra, e não com migalhas de US$ 30 por hectare.
FOLHA - A nova Carta do Equador não torna vinculante a posição das comunidades indígenas. Como vê isso?
SANTI - A maior parte das populações indígenas está disposta a seguir resistindo, nos consultem ou não. Acho que vamos ter muitos problemas no futuro, porque o movimento indígena optou por defender a natureza, a Pachamama [mãe Terra] e o bom viver.
FOLHA - Como responde à acusação do governo de que vocês fazem o jogo da direita?
SANTI - Tenho vontade de rir porque somos um movimento social cuja aspiração é melhorar o país. Não temos nenhum vínculo com a direita nem com nenhum partido político.
Temos reivindicações claras e queremos um diálogo sincero. Nunca nos aliaremos à direita porque seria como juntar água e azeite. Queremos uma República com participação.
domingo, 18 de outubro de 2009
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