O Globo
16/10/2009
Brasil integrará Conselho de Segurança pela 10ª vez, feito só igualado pelo Japão
Marília Martins
O Brasil voltou ontem a ter um assento no Conselho de Segurança da ONU, numa votação que renovou cinco cadeiras rotativas da entidade. Junto com o Brasil, foram também eleitos Bósnia, Gabão, Líbano e Nigéria. Todos ocuparão seus postos a partir de 1º de janeiro, para o biênio 2010-2011.
Será a décima vez que o Brasil ocupará uma cadeira no conselho, frequência igualada só pelo Japão. O último biênio brasileiro foi 2004-2005. O Brasil foi apresentado como candidato único pela região da América Latina e o Caribe, e ainda contou com o apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Dos votos dados para a vaga latino-americana, o Brasil recebeu 182, com um voto discordante, dado à Venezuela.
O retorno ao conselho acontece num momento em que a diplomacia brasileira se vê às voltas com a mediação de conflitos em países como Haiti e Honduras, que estarão na pauta como prioridade. Segundo a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luíza Viotti, a participação brasileira dará ênfase a uma articulação entre segurança e democracia:
- Esta volta ao Conselho de Segurança mostra a importância crescente da diplomacia brasileira no cenário internacional. A renovação do mandato da missão de paz no Haiti e a situação da embaixada brasileira em Honduras serviram para reforçar as pretensões do Brasil de reformar o conselho e ganhar um assento permanente, o que continua a ser prioridade para nós.
Para o biênio 2010-2011, ela lembra que haverá desafios importantes a serem enfrentados, como a realização de eleições pacíficas no Haiti e o reforço da OEA como entidade de mediação de crises institucionais como a de Honduras. O Brasil lidera a missão de paz da ONU com 7 mil soldados no Haiti, sendo 1.300 deles brasileiros.
- Tivemos uma avaliação muito positiva do trabalho que está sendo feito pela missão de paz no Haiti, sob a liderança de militares brasileiros. E agora teremos, em 2010, eleições para a sucessão do presidente René Préval. Além disto, no caso de Honduras, a atuação da diplomacia brasileira foi fundamental para garantir a busca de uma solução negociada - comentou ela.
A nova configuração do conselho, com a presença de representantes do Líbano e da Bósnia, deve fazer também com que haja mais debate sobre questões relativas aos dois paises. O Líbano tem cerca de 12 mil soldados em missão de paz da ONU estacionados em seu território, enquanto a Bósnia, arrasada pela guerra de independência nos anos 90, continua contando com a presença de uma força de paz da União Europeia.
Estrangeiros brincam com vitórias recentes do país
O embaixador britânico, John Sawers, comentou que a presença de governos de países que têm tropas estrangeiras em seu território deve levar o conselho a ter uma pauta mais atenta ao trabalho das forças de intervenção da ONU e ao respeito aos direitos humanos.
- Estamos contando que a experiência de atuar no Conselho de Segurança da ONU possa ajudar a reforçar os governos nacionais desses dois países, de modo a permitir que haja um debate mais preciso sobre o papel das forças de intervenção da ONU na garantia da pacificação de conflitos regionais - avaliou Sawers. - Os casos da Bósnia e do Líbano são exemplares para chamar a atenção sobre temas como o respeito aos direitos humanos e os conflitos no Oriente Médio.
Perguntada por jornalistas estrangeiros sobre o que mais o Brasil queria, agora que já ganhou a disputa por sediar a Copa, as Olimpíadas e voltou ao conselho, a embaixadora brincou:
- Queremos sempre mais porque nós trabalhamos para merecer tudo o que ganhamos. A afirmação do G20 e a volta ao Conselho de Segurança são demonstrações não só da importância do Brasil no cenário internacional, mas também, e sobretudo, da necessidade de promover um enfoque que articule segurança, democracia e desenvolvimento sustentável na busca de soluções mediadas para conflitos internacionais.
Marília Martins
O Brasil voltou ontem a ter um assento no Conselho de Segurança da ONU, numa votação que renovou cinco cadeiras rotativas da entidade. Junto com o Brasil, foram também eleitos Bósnia, Gabão, Líbano e Nigéria. Todos ocuparão seus postos a partir de 1º de janeiro, para o biênio 2010-2011.
Será a décima vez que o Brasil ocupará uma cadeira no conselho, frequência igualada só pelo Japão. O último biênio brasileiro foi 2004-2005. O Brasil foi apresentado como candidato único pela região da América Latina e o Caribe, e ainda contou com o apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Dos votos dados para a vaga latino-americana, o Brasil recebeu 182, com um voto discordante, dado à Venezuela.
O retorno ao conselho acontece num momento em que a diplomacia brasileira se vê às voltas com a mediação de conflitos em países como Haiti e Honduras, que estarão na pauta como prioridade. Segundo a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luíza Viotti, a participação brasileira dará ênfase a uma articulação entre segurança e democracia:
- Esta volta ao Conselho de Segurança mostra a importância crescente da diplomacia brasileira no cenário internacional. A renovação do mandato da missão de paz no Haiti e a situação da embaixada brasileira em Honduras serviram para reforçar as pretensões do Brasil de reformar o conselho e ganhar um assento permanente, o que continua a ser prioridade para nós.
Para o biênio 2010-2011, ela lembra que haverá desafios importantes a serem enfrentados, como a realização de eleições pacíficas no Haiti e o reforço da OEA como entidade de mediação de crises institucionais como a de Honduras. O Brasil lidera a missão de paz da ONU com 7 mil soldados no Haiti, sendo 1.300 deles brasileiros.
- Tivemos uma avaliação muito positiva do trabalho que está sendo feito pela missão de paz no Haiti, sob a liderança de militares brasileiros. E agora teremos, em 2010, eleições para a sucessão do presidente René Préval. Além disto, no caso de Honduras, a atuação da diplomacia brasileira foi fundamental para garantir a busca de uma solução negociada - comentou ela.
A nova configuração do conselho, com a presença de representantes do Líbano e da Bósnia, deve fazer também com que haja mais debate sobre questões relativas aos dois paises. O Líbano tem cerca de 12 mil soldados em missão de paz da ONU estacionados em seu território, enquanto a Bósnia, arrasada pela guerra de independência nos anos 90, continua contando com a presença de uma força de paz da União Europeia.
Estrangeiros brincam com vitórias recentes do país
O embaixador britânico, John Sawers, comentou que a presença de governos de países que têm tropas estrangeiras em seu território deve levar o conselho a ter uma pauta mais atenta ao trabalho das forças de intervenção da ONU e ao respeito aos direitos humanos.
- Estamos contando que a experiência de atuar no Conselho de Segurança da ONU possa ajudar a reforçar os governos nacionais desses dois países, de modo a permitir que haja um debate mais preciso sobre o papel das forças de intervenção da ONU na garantia da pacificação de conflitos regionais - avaliou Sawers. - Os casos da Bósnia e do Líbano são exemplares para chamar a atenção sobre temas como o respeito aos direitos humanos e os conflitos no Oriente Médio.
Perguntada por jornalistas estrangeiros sobre o que mais o Brasil queria, agora que já ganhou a disputa por sediar a Copa, as Olimpíadas e voltou ao conselho, a embaixadora brincou:
- Queremos sempre mais porque nós trabalhamos para merecer tudo o que ganhamos. A afirmação do G20 e a volta ao Conselho de Segurança são demonstrações não só da importância do Brasil no cenário internacional, mas também, e sobretudo, da necessidade de promover um enfoque que articule segurança, democracia e desenvolvimento sustentável na busca de soluções mediadas para conflitos internacionais.
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