Jornal do Brasil
15/10/2009
TEGUCIGALPA - Durou pouco a sensação de que tudo estava praticamente resolvido em relação à crise política que abala Honduras desde junho. Pouco depois de mais uma reunião ocorrida quarta-feira entre negociadores do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do golpista, Roberto Micheletti, os zelayistas chegaram a dizer que havia um acordo e que um texto final já estava redigido e precisava apenas ser aprovado pelos dois presidentes. Não demorou muito para Roberto Micheletti jogar mais um balde de água fria nas esperanças de quem torce para o fim da maior crise política latino-americana dos últimos tempos, que já causa transtornos à economia hondurenha, além de denúncias de desrespeito aos direitos humanos no país. O presidente golpista afirmou que as negociações para pôr fim à crise prosseguem quinta-feira.
Uma nota assinada por Micheletti e divulgada depois da reunião diz que o diálogo sobre uma possível volta de Zelaya ao poder “foi cordial e ambas as partes alcançaram importantes avanços. No entanto, até o momento não há nenhum acordo final”.
O impasse, ainda segundo Micheletti, seria a respeito de quem deveria decidir se Zelaya poderá ou não reassumir a Presidência: o Congresso ou a Suprema Corte.
– Estão pedindo para o Congresso decidir sobre se ele (Zelaya) poderá voltar ou não, mas isto é um assunto legal, que, definitivamente, cabe à Suprema Corte de Justiça – declarou o presidente golpista.
Mais cedo, Victor Meza, um dos negociadores que representa Zelaya nas conversações, disse que havia um consenso, mas evitava falar em fim da crise:
– Não falaria em um fim da crise política, mas em uma saída – disse Meza.
OEA
Pouco depois do anúncio que aparentemente indicava uma solução para o conflito, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, expressou “satisfação” pelo avanço nas negociações, e disse ter esperança de que a crise será resolvida.
O chefe do Exército golpista hondurenho, Romeo Vasquez, também demonstrava otimismo:
– Sei que avançamos de forma significativa, estamos quase ao fim da crise – disse Vascuez à rádio local HRN.
Quinta-feira termina o prazo dado por Manuel Zelaya para sua volta ao poder. Há alguns dias, o presidente deposto ameaçou iniciar uma grande campanha de boicote às eleições hondurenhas marcadas para 29 de novembro caso não reassumisse a Presidência a partir de 15 de outubro. Zelaya foi deposto por militares e expulso de Honduras em 28 de junho, mas em 21 de setembro voltou clandestinamente ao país e está, desde então, abrigado na embaixada brasileira na capital Tegucigalpa, cujo prédio permanece cercado por forças de segurança.
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