sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nova estratégia militar americana

Nova estratégia de segurança dos EUA une poder militar e econômicoCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA de São Paulo de 28 de maio de 2010

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Os EUA apresentam nesta quinta-feira (27) a sua nova estratégia de segurança nacional, a primeira sob o mandato de Barack Obama. As novas diretrizes incluem abandonar a referência à "guerra contra o terrorismo", mas apontam a Al Qaeda como principal inimiga americana, e também unem o envolvimento diplomático e a disciplina econômica ao poderio militar, como forma de ampliar a presença dos EUA no mundo.

O presidente já havia antecipado as linhas principais da ação no sábado (22), na graduação dos cadetes da Academia Militar de West Point, e agências de notícias internacionais revelaram hoje partes do documento de 52 páginas.

"Tentaremos deslegitimar o uso do terrorismo e isolar aqueles que o praticam", afirmam os EUA em trechos do documento. "Não é uma guerra mundial contra uma tática, o terrorismo, ou uma religião, o islã", completa o texto.

"Nós estamos em guerra com uma rede específica, Al Qaeda, e os terroristas que a apoiam em seus esforços para atacar os Estados Unidos e nossos aliados", diz a nota.

Outro ponto será ao combate a extremistas que vivem no próprio país. "Vimos um número cada vez maior de indivíduos aqui nos EUA que se interessam e se aproximam das causas e das atividades extremistas", já havia assinalado John Brennan, principal assessor na luta contra o terrorismo de Obama.

O assessor se refere a incidentes como a tentativa de fazer explodir um carro-bomba em pleno centro de Nova York no início do mês, em atentado fracassado sob suposta responsabilidade do paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad.

"Esta é a primeira estratégia de segurança nacional de qualquer presidente que integra a segurança interna como parte da estratégia de segurança global", acrescentou o funcionário.

Brennan também prometeu que os EUA "levará o combate" aos locais onde os extremistas "tramam seus planos e se treinam, no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália e além". No entanto ele garantiu que usarão a força "de maneira prudente".

Parcerias

Rompendo formalmente com o unilateralismo da era Bush, a estratégia do presidente Barack Obama prevê a expansão de parcerias para além dos aliados tradicionais dos EUA, de modo a abrangerem também potências emergentes, como China e Índia, para compartilharem o ônus dos problemas internacionais, segundo trechos do documento.

O governo também admite que reforçar o crescimento econômico e pôr em ordem as contas públicas dos EUA são itens que fazem parte das prioridades de segurança nacional. "No centro dos nossos esforços está um compromisso de renovar nossa economia, que serve como fonte do poderio norte-americano".

"Devemos renovar a fundação da força da América", diz o documento, declarando que o crescimento sustentável da economia depende de colocar o país numa "trilha fiscalmente responsável" e de reduzir a dependência do país em relação ao petróleo importado.

No entanto, o texto não faz menção a um crescente consenso entre especialistas de que o profundo endividamento dos EUA junto a países como a China constitui um problema de segurança nacional.

Revisão

Os presidentes americanos revisam periodicamente suas estratégias de segurança, nas quais enumeram suas principais prioridades em matéria de defesa.

A primeira declaração oficial de Obama sobre os objetivos da segurança nacional, a ser divulgada na íntegra ainda nesta quinta-feira, omite acintosamente a política de "guerra preventiva" que foi adotada em 2002 por seu antecessor, George W. Bush, e que incomodou muitos aliados dos EUA.

Num momento de reordenação da ordem mundial, e no qual os EUA estão envolvidos em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão, a nova doutrina formaliza a intenção de Obama de enfatizar a diplomacia multilateral em detrimento da força militar.

O governo tem, por um lado, reiterado a orientação de Obama de negociar com "nações hostis", uma referencia velada a Irã e Coreia do Norte, mas também ameaça isolar esses regimes se eles insistirem em desafiar as normas internacionais.

A estratégia de segurança nacional, uma obrigação legal de cada presidente, costuma ser uma reafirmação das políticas em vigor, mas é um documento importante porque pode influenciar orçamentos e leis, além de ser observado de perto no exterior.

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