O texto aprovado também prevê um prazo de sete a trinta dias para o chamado retorno voluntário. Se o imigrante se negar a abandonar o território europeu nesse espaço de tempo, ele poderá ser alvo de medidas coercitivas, inclusive o encarceramento, o que pode ser dar sem a manifestação judicial, posto que a decisão pode ser meramente administrativa. Os menores também poderão ser presos, porém, nesse caso, uma autorização judicial deverá ser expedida dentro de 72 horas após a detenção.
A lei determina que os imigantes irregulares poderão permanecer detidos por até um ano e meio, período após o qual o processo de deportação deverá ser finalizado. Além disso, o deportado só poderá voltar aos países membros da União Européia após cinco anos.
A partir de agora, os países da União Européia que estabeleciam prazos de reclusão superiores a 18 meses, ou mesmo aqueles que não possuíam nenhum, deverão adequar-se ao termo imposto pela nova lei. Entretanto, os Estados, através de suas legislações nacionais, poderão determinar prazos inferiores a este.
A Anistía Internacional divulgou um comunicado no qual demonstra a sua decepção porque o texto não garante a expulsão dos imigrantes de forma segura e digna, o período de detenção é excessivo e não há garantias suficientes para os menores não acompanhados. Ademais, ela pede um maior controle judicial sobre as reclusões e sobre as deportações.
A Associação Européia para a Defesa dos Direitos Humanos disse que é inaceitável deter homens, mulheres e crianças durante 18 meses simplesmente porque são residentes ilegais.
Nos países da América Latina, também houve inúmeras críticas à supracitada lei. Alguns governos qualificaram-na como vergonhosa, visto que ela viola o direito à livre circulação e equipara os imigrantes ilegais a criminosos.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil lamentou a determinação da União Européia, pois esta tem uma percepção negativa da migração, além de ir de encontro a uma desejada redução de barreiras à livre circulação de pessoas e a uma ampla e plena convivência entre os povos.
O ministro das Relações Exteriores do Perú, José Antonio Garcia Belaúnde, afirmou que a diretiva de retorno dos irregulares é discriminatória e deve ser revisada, pois ela lamentavelmente vai de encontro aos direitos humanos dos imigrantes latino-americanos.
O presidente equatoriano, Rafael Correa, afirmou que é uma vergonha o que a Europa fez. Além disso, ele lançou a seguinte questão: que havería acontecido se a América Latina tivesse adotado essa diretiva com os espanhóis que tiveram que sair forçadamente do seu país?
Há alguns dias, quando o projeto ainda estava em discussão, o presidente da bolívia, Evo Morales, o batizou de a diretiva da vergonha e chegou a admitir a hipótese de exigir, em reciprocidade, o visto de entrada dos cidadão europeus.
O Senado uruguaio também manifestou-se contra a norma comunitária ao anunciar que levará às Nações Unidas o seu repúdio, além de ter convidado os Parlamentos e Governos latino-americanos a tomar as medidas correspondentes do ponto de vista do direito internacional. Eles afirmam que a decisão européia constitui uma violação aos direitos humanos básicos e em particular ao direito de livre circulação internacional. Ademais, é uma flagrante incongruência da União Européia, que nutriu de imigrantes a América Latina, e que se beneficiou da capacidade de trabalho, da honestidade e do esforço dos mesmo
A Chancelaría paraguaia emitiu um comunicado no sentido de que, com essa diretiva, há uma incongruência nas intensas relações migratórias que os países da Europa e da América Latina desenvolveram ao longo de séculos de vinculação histórica. O governo do Paraguai considerou que a norma fere os direitos fundamentais consagrados pela própria Convenção Européia de Direitos Humanos e pela Carta de Direitos Fundamentais da União Européia, além de manifestar a intenção de recorrer a instâncias internacionais.
Além de todas essas declarações, a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e várias ONG's latino-americanas qualificaram a norma como um escândalo e uma verdadeira declaração de guerra contra os imigrantes.
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