quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Direitos Humanos e fundo de ações

Valor Economico de 7 de janeiro de 2010
Direitos humanos levam fundo a vender ações

A TIAA-Cref tornou-se o primeiro grande gestor de ativos americano a vender participações em quatro companhias petrolíferas asiáticas devido a preocupações com violações dos direitos humanos no Sudão. A decisão aumentará a pressão sobre outros investidores para que cortem os laços com tais empresas.

A TIAA-Cref, com US$ 400 bilhões sob sua gestão, disse na noite de segunda-feira ter se desfeito de participações na PetroChina, Hong Kong CNPC e na Sinopec, empresas estatais chinesas de petróleo, e na indiana Oil and Natural Gas Corporation.

A gestora americana tinha pequena participação nas empresas e a decisão não diminui imediatamente o interesse em ações da PetroChina negociadas em Hong Kong, que subiram 5% na terça-feira, após a companhia anunciar que sua controladora estava comprando suas ações. Ontem as ações caíram devido ao colapso de um negócio de gás na Austrália.

A decisão da TIAA-Cref foi uma vitória para ativistas que vêm exortando grupos financeiros a vender ações de empresas que fazem negócios com o regime sudanês.

Organismos internacionais e países estrangeiros condenaram o governo sudanês por violações dos direitos humanos durante o conflito com os rebeldes em Darfur.

A venda de ações pela TIAA-Cref, que captou cerca de US$ 60 milhões, incentivará pressões para que outras grandes empresas gestoras de fundos mútuos venham a seguir o exemplo. Apenas fundos de pensão estatais americanos , e não companhias com fins lucrativos têm suprimido suas participações em empresas com vínculos com o Sudão.

O Calpers, fundo de pensão do Estado da Califórnia, proibiu investimentos em nove empresas, entre elas CNPC e PetroChina, três anos atrás, mas ainda não se desfez de participações em outras empresas identificadas como tendo possíveis vínculos com o Sudão.

A TIAA-CREF, responsável pela gestão de fundos de pensão e prestadora de serviços financeiros a instituições acadêmicas, médicas e de pesquisa, disse haver cumprido sua promessa de vender suas participações em empresas que "se recusam a reconhecer o genocídio [no Sudão] e a se engajar em um diálogo construtivo sobre ele".

Hye-Won Choi, diretora de governança corporativa, disse ao Financial Times que a TIAA-Cref decidiu vender suas participações apenas depois de negociações infrutíferas com as quatro empresas. "A venda de participações não é algo que encaramos com leviandade e foi uma medida de última instância", disse ela. "[Mas] não pudemos nos entender com as empresas."

A TIAA-Cref disse que iria manter a sua participação na Petronas após a companhia petrolífera estatal da Malásia ter se engajado em "diálogo construtivo" e "assumido alguma responsabilidade para remediar a situação no Sudão".

O Sudão é uma questão controvertida para economias em desenvolvimento ávidas por energia, como China e Índia. Algumas empresas petrolíferas passaram a voltar os olhos para países como o Sudão depois que tentativas de comprar ativos em mercados desenvolvidos fracassaram, em meio ao temor destes com sua segurança nacional.

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