O Estado de São Paulo
02/08/2011
Vannildo Mendes / BRASÍLIA
O governo brasileiro manifestou ontem "indignação" contra o assassinato de mais de cem civis na Síria e "repúdio" à retomada do uso da força pelo regime de Damasco neste fim de semana. Em nota divulgada ontem, o Itamaraty usou palavras fortes de condenação ao regime sírio e à repressão política desencadeada desde março. Apesar do tom incisivo, o Itamaraty informou que o Brasil não apoia uma intervenção militar e segue sem apoiar uma resolução com sanções contra o governo sírio antes que se esgotem todos os canais de negociação. "Uma solução eficaz e duradoura tem que passar necessariamente pelo campo da política e do diálogo", disse o porta-voz Tovar Nunes. O país tem sido pressionado a apoiar ao menos uma declaração que condene o regime de Assad, uma medida mais amena que uma resolução do Conselho de Segurança.Assinada pelo chanceler Antônio Patriota, a nota do Itamaraty manifestou preocupação com o não cumprimento de compromissos do governo sírio como direito de manifestação e expressão e instou o país "a dar seguimento ao processo de diálogo nacional". O Itamaraty cobrou também "reforma política com sentido de urgência". O Itamaraty informou que o governo Dilma Rousseff sempre deixou claro para a Síria e outras nações conflagradas do oriente médio que o respeito aos direitos humanos é inegociável. Em abril, o Itamaraty emitiu a primeira nota criticando a repressão e a escalada da violência. Em maio, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), o Brasil condenou as ações de violência contra civis. Apoiou também o envio de um relator especial para investigar as denúncias de violações no país. Há duas semanas, em encontro com o vice-chanceler sírio Fayssal Mekdad, Patriota havia deixado claro que o Brasil não toleraria violações de direitos humanos. Recomendou que o governo de Damasco adotasse com urgência soluções que preservem o direito das minorias. Entre essas minorias está a de brasileiros, na maioria cristãos. O Itamaraty insiste numa saída política para o impasse por meio do diálogo e se articulou com os governos da Índia e da África do Sul para mandar uma missão a Damasco nesta semana ou na próxima. A ideia, segundo o Itamaraty, é cobrar concessões prometidas pelo governo sírio à oposição, respeito aos direitos humanos e democracia representativa.
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